XXVIII Domingo do tempo comum
Dez leprosos gritam para Jesus: “Mestre, tem piedade de nós”. Leprosos eram socialmente excluídos. Acreditava-se que aquela doença era um castigo de Deus para a pessoa e a algum antepassado seu. Jesus manda os leprosos irem ao sacerdote para receberem a carta de liberdade. Um deles dá um passo em direção a Jesus, prostrando-se por terra aos seus pés. O Mestre pergunta: “Onde estão os outros nove”? Cristo não precisa de louvores nem de reconhecimento, a pergunta é para saber onde estava a fé deles diante de uma situação de cura.
Recebemos curas todos os dias, curas até que nossos olhos não dão conta de perceber, curas com sinais da presença de Deus. Na cura é hora de recobrarmos aquilo que é mais precioso, a fé. Jesus não quer apenas a cura física, mas também a cura do espírito, da alma. O leproso foi curado no corpo e no espírito (“A tua fé te salvou”). Receber essa cura é receber o próprio Jesus.
Às vezes procuramos soluções mágicas diante da doença. Estamos em um tempo em que parece que sofrer é um castigo. Por isso tantas pessoas que pregam autoajuda para nos entusiasmar o tempo inteiro. A morte é inerente a todos nós que estamos aqui. Vamos morrer, envelhecer, ficar doentes – é um processo humano. Pela doença podemos unir nosso sofrimento a Jesus, que passou pela cruz. Hoje ninguém quer saber mais de um Deus crucificado, querem apenas um Deus milagreiro. Esquecem que a cruz é a ponte que nos leva para os céus. A doença é um tempo de purificar os corações.
Todos nós temos uma lepra interna dentro de nós. Os pais da Igreja, no século IV, interpretavam essa lepra como uma lepra espiritual, a lepra do nosso pecado, que nos coloca doentes, longe de Deus. A volta do leproso a Jesus significa regenerar-se totalmente em Deus. Só Ele pode nos dar a cura física e a salvação. Precisamos sempre louvar a Deus porque Ele não deixa de ser Deus se cura ou não cura, se age ou não age. Sabemos que a vontade de Deus é sempre boa, agradável, perfeita. Nosso encontro com Ele nos dá a cura e a salvação. Como os leprosos, digamos: “Senhor, tende piedade de nós”.
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