27 de Dezembro de 2019

4a semana do Advento Sexta-feira

- por Padre Alexandre Fernandes

SEXTA FEIRA – SÃO JOÃO –  APÓSTOLO E EVANGELISTA

(branco, glória, pref. do natal – ofício da festa)

 

Antífona da entrada

 

– Foi João que na ceia repousou sobre o peito do Senhor: feliz o apóstolo a quem foram revelados os segredos do reino e que espalhou por toda a terra as palavras da vida.

 

Oração do dia

 

– Ó Deus, que pelo apóstolo São João nos revelastes os mistérios do vosso Filho, tornai-nos capazes de conhecer e amar o que ele nos ensinou de modo incomparável. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo

 

1ª Leitura: 1 Jo 1,1-4

 

– Início da primeira carta de são João: 1Caríssimos, o que era desde o princípio, o que nós ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida – 2de fato, a Vida manifestou-se e nós a vimos, e somos testemunhas, e a vós anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai e que se tornou visível para nós –;­ 3isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. 4Nós vos escrevemos estas coisas para que a nossa alegria fique completa.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 97,1-2.5-6.11-12 (R: 12a)

 

 Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
R: Ó justos, alegrai-vos no Senhor!

– Deus é Rei! Exulte a terra de alegria, e as ilhas numerosas rejubilem! Treva e nuvem o rodeiam no seu trono, que se apoia na justiça e no direito.

R: Ó justos, alegrai-vos no Senhor!

– As montanhas se derretem como cera ante a face do Senhor de toda a terra; e assim proclama o céu sua justiça, todos os povos podem ver a sua glória.

R: Ó justos, alegrai-vos no Senhor!

– Uma luz já se levanta para os justos, e a alegria, para os retos corações. Homens justos alegrai-vos no Senhor, celebrai e ben­dizei seu Santo nome!

R: Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

 – A vós, ó Deus, louvamos, a vós, Senhor, cantamos, vos louva o exército dos vossos santos mártires!

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 20,2-8

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.

– Glória a vós, Senhor!

 

– No primeiro dia da semana, 2Maria Madalena saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”. 3Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. 4Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou.
6Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão 7e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. 8Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu e acreditou.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

São João Evangelista

- por Padre Alexandre Fernandes

O nome deste evangelista significa: “Deus é misericordioso”: uma profecia que foi se cumprindo na vida do mais jovem dos apóstolos. Filho de Zebedeu e de Salomé, irmão de Tiago Maior, ele também era pescador, como Pedro e André; nasceu em Betsaida e ocupou um lugar de primeiro plano entre os apóstolos.

Jesus teve tal predileção por João que este assinalava-se como “o discípulo que Jesus amava”. O apóstolo São João foi quem, na Santa Ceia, reclinou a cabeça sobre o peito do Mestre e, foi também a João, que se encontrava ao pé da Cruz ao lado da Virgem Santíssima, que Jesus disse: “Filho, eis aí a tua mãe” e, olhando para Maria disse: “Mulher, eis aí o teu filho”. (Jo 19,26s).

Quando Jesus se transfigurou, foi João, juntamente com Pedro e Tiago, que estava lá. João é sempre o homem da elevação espiritual, mas não era fantasioso e delicado, tanto que Jesus chamou a ele e a seu irmão Tiago de Boanerges, que significa “filho do trovão”.

João esteve desterrado em Patmos, por ter dado testemunho de Jesus. Deve ter isto acontecido durante a perseguição de Domiciano (81-96 dC). O sucessor deste, o benigno e já quase ancião Nerva (96-98), concedeu anistia geral; em virtude dela pôde João voltar a Éfeso (centro de sua atividade apostólica durante muito tempo, conhecida atualmente como Turquia). Lá o coloca a tradição cristã da primeiríssima hora, cujo valor histórico é irrecusável.

O Apocalipse e as três cartas de João testemunham igualmente que o autor vivia na Ásia e lá gozava de extraordinária autoridade. E não era para menos. Em nenhuma outra parte do mundo, nem sequer em Roma, havia já apóstolos que sobrevivessem. E é de imaginar a veneração que tinham os cristãos dos fins do século I por aquele ancião, que tinha ouvido falar o Senhor Jesus, e O tinha visto com os próprios olhos, e Lhe tinha tocado com as próprias mãos, e O tinha contemplado na sua vida terrena e depois de ressuscitado, e presenciara a sua Ascensão aos céus. Por isso, o valor dos seus ensinamentos e o peso de das suas afirmações não podiam deixar de ser excepcionais e mesmo únicos.

Dele dependem (na sua doutrina, na sua espiritualidade e na suave unção cristocêntrica dos escritos) os Santos Padres daquela primeira geração pós-apostólica que com ele trataram pessoalmente ou se formaram na fé cristã com os que tinham vivido com ele, como S. Pápias de Hierápole, S. Policarpo de Esmirna, Santo Inácio de Antioquia e Santo Ireneu de Lião. E são estas precisamente as fontes donde vêm as melhores informações que a Tradição nos transmitiu acerca desta última etapa da vida do apóstolo.

São João, já como um ancião, depara-se com uma terrível situação para a Igreja, Esposa de Cristo: perseguições individuais por parte de Nero e perseguições para toda a Igreja por parte de seu sucessor, o Imperador Domiciano.

Além destas perseguições, ainda havia o cúmulo de heresias que desentranhava o movimento religioso gnóstico, nascido e propagado fora e dentro da Igreja, procurando corroer a essência mesma do Cristianismo.

Nesta situação, Deus concede ao único sobrevivente dos que conviveram com o Mestre, a missão de ser o pilar básico da sua Igreja naquela hora terrível. E assim o foi. Para aquela hora, e para as gerações futuras também. Com a sua pregação e os seus escritos ficava assegurado o porvir glorioso da Igreja, entrevisto por ele nas suas visões de Patmos e cantado em seguida no Apocalipse.

Completada a sua obra, o santo evangelista morreu quase centenário, sem que nós saibamos a data exata. Foi no fim do primeiro século ou, quando muito, nos princípios do segundo, em tempo de Trajano (98-117 dC).

Três são as obras saídas da sua pena incluídas no cânone do Novo Testamento: o quarto Evangelho, o Apocalipse e as três cartas que têm o seu nome.

São João Evangelista, rogai por nós!

Meditação

- por Padre Alexandre Fernandes

A pedra tinha sido retirada… (Jo 20,2-28)

 

            Com a morte de Jesus no Calvário, uma noite escura descera sobre todos. Não era aquele o desfecho – apesar do tríplice aviso de Jesus! – que os discípulos viviam esperando. Sepultado o Mestre, rolada a pedra, Jesus parecia fora de seu alcance…

 

            Mas no domingo de manhã – “quando ainda estava escuro” – Maria Madalena se antecipa a todos e vê que a pedra tinha sido retirada. O túmulo estava aberto. Mas o Evangelista não nos diz se ela olhou lá dentro. Diz apenas que ela saiu correndo e foi a Simão Pedro.

 

            Pedro e João iniciam uma corrida até o jardim onde o corpo de Jesus fora depositado. Uma prova de atletismo em plena madrugada. Enquanto correm, pensamentos e emoções nublam ainda mais as suas almas, já ensombrecidas pelo drama do Calvário. Eles mesmos não conseguem imaginar o que espera por eles. Não fazem ideia do que poderão ver…

 

            Quando Pedro e João chegam ao sepulcro, de fato a pedra fora rolada pelo anjo (cf. Mt 28,2) e era possível acessar o interior da gruta. Como observa André Scrima, tinha sido removido o último obstáculo para a “visão”. O Mestre não está ali, conforme se lê na inscrição atual da Basílica do Santo Sepulcro: “Non est hic”.

 

            As bandagens que tinham envolvido o corpo de Jesus permanecem ali, no solo. São tiras de linho, embebidas em 30 kg de mirra líquida e aloés em pó (cf. Mt 19,39), piedosa oferenda de Nicodemos. Já no terceiro dia após o sepultamento, o envoltório consolidado mostra-se como um casulo. Mas não há nada em seu interior. Sem desmanchar as bandagens que o envolviam, o Senhor venceu a morte e ressuscitou.

 

            Em seu Evangelho, João registra em duas palavras o impacto que o invadiu: “viu e creu”! As bandagens e o sudário falavam por si. Se o corpo tivesse sido roubado, como espalharam os adversários de Cristo (cf. Mt 28,13), não seria possível manter intactas as faixas de linho do embalsamamento. É este “casulo” que aparece nos ícones orientais da ressurreição, testemunhando aquilo que a mente humana não chega a compreender.

 

            Ainda hoje, porém, permanece para muitos a pedra da incredulidade, impedindo que os olhos da alma cheguem à visão do Ressuscitado. Aferrados à razão cega, não farão a experiência de João: ver e crer…

 

Orai sem cessar: “Vistes aquele a quem ama a minha alma?” (Ct 3,3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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