17 de Abril de 2020

1a Semana da Páscoa Sexta-feira

- por Padre Alexandre Fernandes

SEXTA FEIRA – OITAVA DA PÁSCOA

(Branco, glória pref. da Páscoa I, ofício próprio)

 

Antífona da entrada

 

– O Senhor conduziu o seu povo na esperança e recobriu com o mar seus inimigos, aleluia! (Sl 77,53).

 

Oração do dia

 

– Deus eterno e todo-poderoso, que no sacramento pascal restaurastes vossa aliança, reconciliando convosco a humanidade, concedei-nos realizar em nossa vida o mistério que celebramos na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: At 4,1-12

 

– Leitura dos Atos dos Apóstolos: Naqueles dias, depois que o paralítico fora curado, 1Pedro e João ainda estavam falando ao povo, quando chegaram os sacerdotes, o chefe da guarda do Templo e os saduceus. 2Estavam irritados porque os apóstolos ensinavam o povo e anunciavam a ressurreição dos mortos na pessoa de Jesus. 3Eles prenderam Pedro e João e os colocaram na prisão até o dia seguinte, porque já estava anoitecendo. 4Todavia, muitos daqueles que tinham ouvido a pregação acreditaram. E o número dos homens chegou a uns cinco mil.  5No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém os chefes, os anciãos e os mestres da Lei. 6Estavam presentes o Sumo Sacerdote Anás, e também Caifás, João, Alexandre, e todos os que pertenciam às famílias dos sumos sacerdotes. 7Fizeram Pedro e João comparecer diante deles e os interrogavam: “Com que poder ou em nome de quem vós fizestes isso?” 8Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: “Chefes do povo e anciãos: 9hoje estamos sendo interrogados por termos feito o bem a um enfermo e pelo modo como foi curado. 10Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré, – aquele que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos – que este homem está curado, diante de vós. 11Jesus é a pedra, que vós, os construtores, desprezastes, e que se tornou a pedra angular. 12Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos”.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 118,1-2.4.22-24.25-27a (R: 22)

 

– A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular.
R: A pedra que os pedreiros rejeitaram, tornou-se agora a pedra angular.

– Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! “Eterna é a sua misericórdia!” A casa de Israel agora o diga: “Eterna é a sua misericórdia!” Os que temem o Senhor agora o digam: “Eterna é a sua misericórdia!”

R: A pedra que os pedreiros rejeitaram, tornou-se agora a pedra angular.

– A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular. Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: Que maravilhas ele fez a nossos olhos! Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!

R: A pedra que os pedreiros rejeitaram, tornou-se agora a pedra angular.

– Ó Senhor, dai-nos a vossa salvação, ó Senhor, dai-nos também prosperidade! Bendito seja, em nome do Senhor, aquele que em seus átrios vai entrando! Desta casa do Senhor vos bendizemos. Que o Senhor e nosso Deus nos ilumine!

R: A pedra que os pedreiros rejeitaram, tornou-se agora a pedra angular.
 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!

(Sl 117,24)

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 21,1-14

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

– Glória a vós, Senhor!  

 

Naquele tempo, 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. 3Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”. Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”. 6Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. 8Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. 9Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. 10Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. 11Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. 12Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!  

 

Santo Aniceto

- por Padre Alexandre Fernandes

Seu Papado durou 11 anos. Isso no século II.

Deparou-se com a heresia do Gnosticismo, o racionalismo cristão, uma supervalorização do conhecimento, onde bastava isso para a Salvação. Com isso, os méritos de Cristo, os sacramentos e a graça do Senhor ficavam de lado.

Contou muito com a ajuda do filósofo cristão São Justino e do bispo Policarpo. Auxiliado por esses doutores e, com a graça de Deus, combateram esse racionalismo.

A fé e a razão são duas asas que nos levam para a Salvação, Jesus Cristo. Ele que é Caminho, Verdade e Vida. E a vida do santo de hoje demonstrou que aí está a fonte da felicidade.

Santo Aniceto, rogai por nós!

Meditação

- por Padre Alexandre Fernandes

TEMPO PASCAL. OITAVA DA PÁSCOA. SEXTA-FEIRA

52. CONSTÂNCIA NO APOSTOLADO

– A pesca milagrosa. Quando estamos unidos ao Senhor, os frutos são sempre abundantes. Saber reconhecer o Senhor no meio dos acontecimentos da vida.

– O apostolado exige um trabalho paciente.

– Contar com o tempo. Quanto maior a resistência de uma alma, mais necessários os meios humanos e sobrenaturais.

I. JESUS CRISTO […] é a pedra angular. Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu não nos foi dado nenhum outro nome pelo qual possamos ser salvos1.

Os Apóstolos partiram de Jerusalém e foram à Galiléia, como o Senhor lhes havia indicado2. Estão junto do lago, no mesmo lugar ou perto daquele em que um dia Jesus os encontrara e os convidara a segui-lo. Agora voltaram à sua antiga profissão, àquela que tinham quando o Senhor os chamara. Jesus acha-os novamente entregues às suas lides. Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos3. É a hora do crepúsculo. As outras barcas já saíram para a pesca. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe eles: Nós também vamos contigo. Partiram e entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam.

Ao romper da aurora, Jesus apareceu na praia. Jesus ressuscitado vai em busca dos seus discípulos para fortalecê-los na fé e na amizade que lhe dedicam, e para continuar a explicar-lhes a grande missão que os espera. Mas os discípulos não o reconheceram. Estão a uns duzentos côvados, a uns cem metros. Dessa distância, no lusco-fusco, não se distinguem bem os traços de um homem, mas pode-se ouvi-lo se levantar a voz.

Tendes alguma coisa que comer?, pergunta-lhes o Senhor. Não, responderam-lhe. Disse-lhes ele: Lançai a rede à direita da barca e achareis. E Pedro obedece. Lançaram-na, pois, e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes. João confirma a certeza interior de Pedro. Inclinando-se para ele, diz-lhe: É o Senhor! Pedro, que se contivera até aquele momento, salta como que impelido por uma mola. Não espera que as barcas cheguem à praia.

Na ausência de Cristo, tinham trabalhado inutilmente em plena noite, por conta própria; tinham perdido o tempo. Pela manhã, já com luz, quando Jesus está presente, quando é Ele que ilumina com a sua palavra, quando é Ele que orienta a faina, as redes chegam à margem cheias de peixes.

Acontece o mesmo em cada um dos nossos dias. Na ausência de Cristo, o dia se faz noite; e o trabalho, estéril: não passa de mais uma noite, de uma noite vazia na vida. Para obtermos frutos, não bastam os nossos esforços; necessitamos de Deus. Ao lado de Cristo, quando o temos presente, os nossos dias enriquecem-se. A dor e a doença convertem-se num tesouro que perdura além da morte; e a convivência com os que nos rodeiam torna-se um mundo de possibilidades de fazer o bem.

O drama de um cristão começa quando deixa de ver Cristo na sua vida; quando a tibieza, o pecado ou a soberba nublam o seu horizonte; quando faz as coisas como se Jesus não estivesse a seu lado, como se Ele não tivesse ressuscitado. Devemos pedir muito à Virgem que nos ajude a reconhecer o seu Filho no meio dos acontecimentos da vida; que possamos dizer muitas vezes: É o Senhor!

II. QUANDO TOMARAM TERRA, viram umas brasas preparadas, com um peixe posto em cima e pão. Jesus disse-lhes: Trazei alguns dos peixes que acabais de apanhar. Subiu Simão Pedro e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinqüenta e três peixes grandes. Apesar de serem tantos, a rede não se tinha rompido.

Os Santos Padres detêm-se com freqüência neste episódio e comentam-no assim: a barca representa a Igreja, simbolizada na sua unidade pela rede que não se rompe; o mar é o mundo; Pedro, na barca, simboliza a suprema autoridade da Igreja; o número de peixes é uma referência aos que são chamados4. Nós, como os Apóstolos, somos os pescadores que devem levar as pessoas a Cristo, porque as almas são de Deus5.

“Por que o Senhor contou com tantos pescadores entre os seus Apóstolos? Que qualidades viu neles? Penso que havia uma coisa que Ele apreciou particularmente naqueles que viriam a ser os seus enviados: uma paciência inquebrantável […]. Tinham trabalhado toda a noite, e nada haviam pescado; muitas horas de espera, em que as luzes cinzentas da aurora lhes trariam o prêmio, e não tinha havido prêmio nenhum […].

“Quanto a Igreja de Cristo não esperou através dos séculos […], oferecendo pacientemente o seu convite e deixando que a graça completasse a sua obra! […] Que importância tem se num lugar ou noutro trabalhou duramente e recolheu muito pouco para o seu Mestre? Apoiada na sua palavra, apesar de tudo, voltará a lançar as redes, até que a graça divina, cuja eficácia ultrapassa o poder do esforço humano, lhe traga uma nova pesca”6. Sem sabermos quando nem como, todo o nosso esforço apostólico acabará por dar o seu fruto, ainda que muitas vezes nós não o vejamos. O Senhor pede aos cristãos a paciente espera dos pescadores. Devemos ser constantes no apostolado pessoal com os nossos amigos e conhecidos, não abandoná-los nunca, não deixar ninguém de lado por parecer-nos impossível que nos escutem.

A paciência é parte principal da virtude da fortaleza e leva-nos a saber esperar quando a situação o requer, a empregar mais meios humanos e sobrenaturais, a recomeçar muitas vezes, a contar com os nossos defeitos e com os das pessoas que queremos levar para Deus. “A fé é um requisito imprescindível no apostolado, que muitas vezes se manifesta na constância em falar de Deus, ainda que os frutos demorem a vir.

“Se perseverarmos, se insistirmos, bem convencidos de que o Senhor assim o quer, também à tua volta, por toda a parte, se irão notando sinais de uma revolução cristã: uns haverão de entregar-se, outros tomarão a sério a sua vida interior, e outros – os mais fracos – ficarão pelo menos alertados”7.

III. JESUS CHAMOU OS APÓSTOLOS apesar de conhecer os seus defeitos. Depois de ter comido com eles naquela manhã, diz a Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Apascenta os meus cordeiros… Apascenta as minhas ovelhas8. Conta com eles para fundar a sua Igreja: dá-lhes o poder de realizar em seu nome o Sacrifício do altar e o de perdoar os pecados, torna-os depositários da sua doutrina e dos seus ensinamentos… Confia neles e forma-os com paciência; conta com o tempo para torná-los idôneos para a missão que irão desempenhar.

O Senhor também previu os momentos e o modo de nos santificar a cada um, respeitando o ritmo da nossa correspondência pessoal. Cabe-nos ser bons canais da graça do Senhor, facilitar a ação do Espírito Santo nos nossos amigos, parentes, conhecidos, colegas… Se o Senhor não se cansa de nos ajudar, como podemos nós desanimar, se somos simples instrumentos? Se a mão do carpinteiro continua a trabalhar com afinco sobre a madeira, como pode ser rebelde na sua tarefa a plaina que lhe serve de instrumento?

O caminho que conduz ao Céu não é curto. E Deus não costuma conceder graças que permitam alcançar a santidade de modo instantâneo e definitivo. Normalmente, os nossos amigos aproximar-se-ão do Senhor pouco a pouco. Oferecerão resistência, por força muitas vezes do pecado original – que deixou as suas seqüelas na natureza humana –, bem como dos pecados pessoais. Cabe-nos facilitar a ação de Deus nessas almas, com a nossa oração e o nosso sacrifício, com o nosso afeto, com o exemplo e a palavra oportuna…

E se demoram em corresponder à graça, isso significa que devemos multiplicar as manifestações de amizade, tornar mais sólida a base humana sobre a qual se apóia a ação apostólica. O trato cordial com quem parece não querer comprometer-se a dar o passo que pode aproximá-lo de Cristo é sinal, da nossa parte, de amizade verdadeira e de pureza de intenção, isto é, de que só queremos verdadeiramente que Deus tenha muitos amigos na terra, e de que só desejamos o bem desses nossos amigos.

A cena descrita pelo Evangelho de hoje mostra-nos como o Senhor era amigo dos seus discípulos e lhes dedicava todo o tempo necessário: inicia o diálogo com eles perguntando-lhes se têm alguma coisa que comer, depois prepara-lhes uma pequena refeição nas margens do lago, a seguir retira-se com Pedro, enquanto João os segue, e diz-lhe que continua a confiar nele. Não nos pode surpreender que uns amigos, assim tratados pelo Amigo, dêem depois a sua vida até o martírio por Ele e pela salvação do mundo.

Peçamos a Santa Maria que nos ajude a imitar Jesus, de tal modo que, no nosso relacionamento, não sejamos “apenas um elemento passivo. Tens de converter-te em verdadeiro amigo dos teus amigos: «ajudá-los». Primeiro com o exemplo da tua conduta. E depois com o teu conselho e com o ascendente que a intimidade dá”9.

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