11 de Novembro de 2019

32ª semana comum Segunda-feira

- por Padre Alexandre Fernandes

SEGUNDA FEIRA – SÃO MARTINHO DE TOURS – BISPO

(branco  pref. comum ou dos pastores– ofício da memória)

 

Antífona da entrada

 

– Farei surgir um sacerdote fiel, que agirá segundo o meu coração e minha vontade, diz o Senhor (1Sm 2,15).

 

Oração do dia

 

– Ó Deus, que fostes glorificado pela vida e a morte do bispo São Martinho, renovai em nossos corações as maravilhas da vossa graça, de modo que nem a morte nem a vida nos possam separar do vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Sb 1,1-7

 

– Início do livro da Sabedoria: 1Amai a justiça, vós que governais a terra; tende bons sentimentos para com o Senhor e procurai-o com simplicidade de coração. 2Ele se deixa encontrar pelos que não exigem provas, e se manifesta aos que nele confiam. 3Pois os pensamentos perversos afastam de Deus; e seu poder, posto à prova, confunde os insensatos. 4A Sabedoria não entra numa alma que trama o mal nem mora num corpo sujeito ao pecado. 5O espírito santo, que a ensina, foge da astúcia, afasta-se dos pensamentos insensatos e retrai-se quando sobrevém a injustiça. 6Com efeito, a Sabedoria é o espírito que ama os homens, mas não deixa sem castigo quem blasfema com seus próprios lábios, pois Deus é testemunha dos seus pensamentos, investiga seu coração segundo a verdade e mantém-se à escuta da sua língua; 7porque o espírito do Senhor enche toda a terra, mantém unidas todas as coisas e tem conhecimento de tudo o que se diz.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 139,1-3.4-6.7-8.9-10 (R: 24b)

 

– Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!
R: Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!

– Senhor, vós me sondais e conheceis, sabeis quando me sento ou me levanto; de longe penetrais meus pensamentos, percebeis quando me deito e quando eu ando, os meus caminhos vos são todos conhecidos.

R: Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!

– A palavra nem chegou à minha língua, e já, Senhor, a conheceis inteiramente. Por detrás e pela frente me envolveis; pusestes sobre mim a vossa mão. Esta verdade é por demais maravilhosa, é tão sublime que não posso compreendê-la.

R: Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!

– Em que lugar me ocultarei de vosso espírito? E para onde fugirei de vossa face? Se eu subir até os céus, ali estais; se eu descer até o abismo, estais presente.

R: Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!

– Se a aurora me emprestar as suas asas, para eu voar e habitar no fim dos mares; mesmo lá vai me guiar a vossa mão e segurar-me com firmeza a vossa destra.

R: Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!
 

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Como astros no mundo brilheis, pregando a palavra da vida! (Fl 2,15b.16a).

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 17,1-6

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

– Glória a vós, Senhor!   

 

– Naquele tempo, 1Jesus disse a seus discípulos: “É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz escândalos! 2Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos. 3Prestai atenção: se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe. 4Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo”. 5Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6O Senhor respondeu: “Se vós ti­vésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria”.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!   

São Martinho de Tours

- por Padre Alexandre Fernandes

São Martinho Tours, tornou-se intercessor e modelo de apostolado para todos nós

Nasceu em 316 na Panônia (atual Hungria), numa família pagã que da parte do pai (oficial do exército romano) fez de Martinho um militar, enquanto o Pai do Céu o estava fazendo cristão, já que começou a fazer o Catecumenato.

Certa vez quando militar, mas ainda não batizado, Martinho partiu em duas partes seu manto para dá-lo a um pobre, e assim Jesus aparece-lhe durante a noite e disse-lhe: “Martinho, principiante na fé, cobriu-me com este manto”. Então este homem de Deus foi batizado e abandonou a vida militar para viver intensamente a vida religiosa e as inspirações do Espírito Santo para sua vida.

Com a direção e ajuda do Bispo Hilário, Martinho tornou-se monge, Diácono, fundador do primeiro mosteiro na França e depois sacerdote que formava os seus “filhos” para a contemplação e ao mesmo tempo para a missão de evangelizar os pagãos; diferenciando-se com isso dos mosteiros do Oriente.

Por ser fiel no pouco, São Martinho recebeu o mais, que veio com a sua Ordenação para Bispo em Tours. Isto não o impediu de fundar ainda muitos outros mosteiros a fim de melhor evangelizar sua Diocese. Entrou no Céu em 397.

São Martinho de Tours, rogai por nós!

Meditação

- por Padre Alexandre Fernandes

TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA SEGUNDA SEMANA. SEGUNDA-FEIRA

76. RESPONSÁVEIS NA CARIDADE

– As crianças e os que são como elas pela sua simplicidade e inocência. O escândalo.

– Temos sempre que influir nos outros para bem deles. Dar bom exemplo.

– Obrigação de reparar e dever de desagravar as ofensas a Deus.

I. ENCONTRAMOS poucas expressões tão fortes como as que o Senhor pronuncia no Evangelho da Missa de hoje. Jesus diz: É inevitável que haja escândalos; mas ai daquele por quem vierem! Seria melhor para ele que lhe atassem ao pescoço uma pedra de moinho e o atirassem ao mar, do que ser causa de escândalo para um destes pequeninos. E termina com esta advertência: Andai com cuidado1.

São Mateus2 situa a ocasião em que se pronunciaram estas palavras. Os Apóstolos vinham falando entre si sobre qual deles seria o primeiro no Reino dos Céus. E Jesus, para que a lição lhes ficasse bem gravada, chamou uma criança (talvez estivesse rodeado por várias delas), trouxe-a para o meio de todos e fez-lhes ver que, se não a imitassem na sua simplicidade e inocência, não poderiam entrar no Reino.

Foi então que, tendo a criança diante de si, ficou com certeza pensativo e sério; contemplou naquela figura frágil, mas de imenso valor, muitas outras que perderiam a inocência em virtude dos escândalos. Foi como se, de repente, desse rédea solta a uma preocupação que trazia dentro de si e que desejava comunicar aos seus discípulos. Assim se explica melhor essa advertência dirigida em primeiro lugar aos que o seguem mais de perto: Andai com cuidado.

Escandalizar é fazer cair, ser causa de tropeço, de ruína espiritual para outra pessoa, por meio de palavras, atos ou omissões3. E para Jesus, os pequeninos são as crianças em cuja inocência se reflete de um modo muito particular a imagem de Deus. Mas são também essa imensa multidão de pessoas que nos rodeiam, simples, menos instruídas e, portanto, mais propensas a tropeçar na pedra interposta no seu caminho. Poucos pecados há tão grandes como este, pois “tende a destruir a maior obra de Deus, que é a Redenção, pela perda das almas: mata a alma do nosso próximo retirando-lhe a vida da graça, que é mais preciosa do que a vida do corpo, e é causa de uma multidão de pecados”4.

“Que grande valor deve ter o homem aos olhos do Criador, se mereceu ter tal e tão grande Redentor (Hino Exsultet da Vigília Pascal), se Deus deu o seu Filho, a fim de que o homem não morra, mas tenha a vida eterna! (cfr. Jo 3, 16)”5. Jamais podemos perder de vista o imenso valor de cada criatura: um valor que se deduz do preço – a morte de Cristo – pago por ela. “Cada alma é um tesouro maravilhoso; cada homem é único, insubstituível. Cada um vale todo o sangue de Cristo”6.

II. SÃO PAULO, seguindo o exemplo do mestre, pede aos cristãos que se precavejam de todo o possível escândalo para as consciências débeis e pouco formadas: Vede que esta liberdade que tendes não se torne ocasião de queda para os fracos7. Influímos muito nos outros, e essa influência deve ser sempre para o bem de quem nos vê e escuta, em qualquer situação em que nos encontremos.

O Senhor pregou a sua doutrina mesmo quando alguns fariseus se escandalizavam8. Tratava-se então, como também hoje acontece com freqüência, de um falso escândalo, que consistia em buscar contradições ou critérios puramente humanos para não aceitar a verdade. Quantas vezes encontramos pessoas que se “escandalizam” porque um casal foi generoso no número de filhos, aceitando com alegria todos os que Deus lhes deu, e porque assim vivem com finura as exigências da vocação cristã!…

Em não poucas ocasiões, a conduta de um cristão que deseje viver integralmente a doutrina do Senhor chocará com um ambiente pagão ou frívolo e “escandalizará” muitos. São Pedro, recordando umas palavras de Isaías, afirma que Jesus é para muitos uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo9, como tinha profetizado Simeão à Santíssima Virgem10. Não devemos surpreender-nos se na nossa vida acontece algumas vezes algo de parecido.

No entanto, devemos evitar por caridade todas essas ocasiões, de per si indiferentes, que podem causar estranheza e até verdadeiro escândalo em outras pessoas menos bem formadas ou que têm uma peculiar maneira de pensar. O Senhor deu-nos exemplo disso quando mandou Pedro pagar o tributo do Templo, a que Ele não estava obrigado, para não desconcertar os cobradores11, pois sabiam que Jesus era um israelita exemplar em todas as coisas. Não nos faltarão ocasiões de imitar o Mestre. “Não duvido da tua retidão. – Sei que ages na presença de Deus. Mas… (há um “mas”!) as tuas ações são presenciadas ou podem ser presenciadas por homens que julguem humanamente… E é preciso dar-lhes bom exemplo”12.

Especialmente grave é o escândalo causado por pessoas que gozam de algum gênero de autoridade ou renome: pais, educadores, governantes, escritores, artistas… e os que têm a seu cargo a formação de outros. “Se as pessoas simples vivem na tibieza – comenta São João de Ávila –, fazem mal; mas o seu mal tem remédio, e só se prejudicam a si próprias; mas se os educadores são tíbios, então cumpre-se o ai! do Senhor […], pois contagiam a sua tibieza a outros e até lhes apagam o fervor”13.

As palavras do Senhor recordam-nos que devemos estar atentos às conseqüências das nossas palavras e ações, sem nos deixarmos levar pela inconsciência ou pela frivolidade.

“Sabes o mal que podes ocasionar jogando para longe uma pedra com os olhos vendados?

“– Também não sabes o prejuízo que podes causar, às vezes grave, quando lanças frases de murmuração, que te parecem levíssimas por teres os olhos vendados pela inconsciência ou pela exaltação”14.

Quem é motivo de escândalo tem a obrigação, por caridade, e às vezes por justiça, de reparar o dano espiritual ou material que ocasionou. O escândalo público exige reparação pública. E mesmo nos casos em que seja impossível fazê-lo adequadamente, persiste a obrigação, sempre possível, de compensar esse mal com oração e penitência. A caridade, movida pela contrição, encontra sempre o modo adequado de reparar o mal que se causou.

Esta passagem do Evangelho pode servir-nos para dizer ao Senhor: “Perdão, Senhor, se de alguma maneira, mesmo sem o perceber, fui ocasião de tropeço para alguém!” São os pecados ocultos, dos quais também podemos pedir perdão na Confissão. Oxalá as palavras do Senhor: Andai com cuidado, nos ajudem a estar vigilantes e a ser prudentes.

III. DEVERIA PODER-SE DIZER de nós o mesmo que os contemporâneos disseram de Jesus: Passou fazendo o bem…15 A nossa vida deve estar cheia de obras de caridade e de misericórdia, às vezes tão pequenas que não farão muito ruído: sorrir, animar, prestar com alegria pequenos serviços, desculpar prontamente os erros do próximo… Trata-se de um sinal para o mundo, pois pela caridade nos conhecerão como discípulos de Cristo16. É também uma referência para nós mesmos, porque, se examinarmos a nossa atitude diante dos outros, poderemos avaliar instantaneamente o nosso grau de união com Deus.

Se é próprio do escândalo quebrar e destruir, é próprio da caridade compor, unir e curar. O bom exemplo será sempre uma forma eficaz de contrabalançar o mal que, talvez sem o perceberem, muitos vão semeando pela vida. Ao mesmo tempo, prepara o terreno para um apostolado fecundo. “Não devemos esquecer nunca que somos homens que tratam com outros homens, mesmo quando queremos fazer bem às almas. Não somos anjos. E por isso a nossa fisionomia, o nosso sorriso, os nossos modos são elementos que condicionam a eficácia do nosso apostolado”17.

Se o escândalo tende a separar as almas de Deus, a caridade mais fina há de animar-nos a levá-las a Ele, a procurar que muitos encontrem a porta do Céu. Santa Teresa dizia: “Parece-me que mais preza Deus uma alma que pelas nossas indústrias e orações lhe ganhamos mediante a sua misericórdia, do que todos os serviços que lhe possamos prestar”18.

Nunca fiquemos de braços cruzados diante do mal. Perante essa doença moral, devemos aumentar os nossos desejos de reparação e desagravo ao Senhor, e reafirmar as nossas ânsias de apostolado. Quanto maior for o mal, maior deve ser a nossa vontade de semear o bem.

Não deixemos de pedir ao Senhor pelos que são causa de que outros se afastem do bem, e pelas almas que podem ser afetadas por essas palavras, por esse artigo, por esse programa de televisão… Santa Maria alcançar-nos-á graças especiais e o Senhor ouvirá a nossa oração. Quando no fim da vida nos apresentarmos diante dEle, esses atos de reparação e de desagravo constituirão uma boa parte do tesouro que teremos ganho aqui na terra.

(1) Lc 17, 1-3; (2) cfr. Mt 18, 1-6; (3) São Tomás de Aquino, Suma teológica, II-II, q. 43, a. 1; (4) Catecismo de São Pio X, n. 418; (5) João Paulo II, Carta Encíclica Redemptor hominis, 4.03.79, 10; (6) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 80; (7) 1 Cor 8, 9; (8) cfr. Mt 15, 12-14; (9) cfr. 1 Pe 2, 8; (10) cfr. Lc 2, 34; (11) cfr. Mt 17, 21; (12) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Caminho, n. 275; (13) São João de Ávila, Sermão 55 para a Infra-oitava de Corpus; (14) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Caminho, n. 455; (15) At 10, 38; (16) cfr. Jo 13, 35; (17) Salvador Canals, Reflexões espirituais, pág. 49; (18) Santa Teresa, Fundações, 1, 7.

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