10 de Agosto de 2021

19a semana comum Terça-feira

- por Pe. Alexandre

TERÇA FEIRA – SÃO LOURENÇO – DIÁCONO E MÁRTIR

(vermelho, glória, pref. dos mártires – ofício da festa)

 

Antífona da entrada

 

– São Lourenço entregou-se a si mesmo ao serviço da Igreja. Foi digno de sofrer o martírio e de subir com alegria para junto do Senhor Jesus.  (Sl 73,20.19.22).

 

Oração do dia

 

– Ó Deus, o vosso diácono Lourenço, inflamado de amor por vós, brilhou pela fidelidade no vosso serviço e pela glória do martírio; concedei-nos amar o que ele amou e praticar o que ensinou. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: 2Cor 9,6-10

 

– Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios: Irmãos, 6“Quem semeia pouco colherá também pouco e quem semeia com largueza colherá também com largueza”. 7Dê cada um conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento; pois Deus “ama quem dá com alegria”. 8Deus é poderoso para vos cumular de toda sorte de graças, para que, em tudo, tenhais sempre o necessário e ainda tenhais de sobra para toda obra boa, 9como está escrito: “Distribuiu generosamente, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre”. 10Aquele que dá a semente ao semeador e lhe dará o pão como alimento, ele mesmo multiplicará as vossas sementes e aumentará os frutos da vossa justiça.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 112,1-2.5-6.7-8.9 (R: 5a)

 

– Feliz o homem caridoso e prestativo!
R: Feliz o homem caridoso e prestativo!

– Feliz o homem que respeita o Senhor e que ama com carinho sua lei! Sua descendência será forte sobre a terra, abençoada a geração dos homens retos!

R: Feliz o homem caridoso e prestativo!

– Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente!

R: Feliz o homem caridoso e prestativo!

– Ele não teme receber notícias más: confiando em Deus, seu coração está seguro. Seu coração está tranquilo e nada teme, e confusos há de ver seus inimigos.

R: Feliz o homem caridoso e prestativo!

– Ele reparte com os pobres os seus bens, permanece para sempre o bem que fez, e crescerão a sua glória e seu poder.

R: Feliz o homem caridoso e prestativo!

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12).

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 12,24-26

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

– Glória a vós, Senhor!   

 

– Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: 24“Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto. 25Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. 26Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará”.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!   

São Lourenço

- por Pe. Alexandre

Festejamos, neste dia, a vida de santidade e martírio do Diácono que nem chicotes, algozes, chamas, tormentos e correntes puderam contra sua fé e amor ao Cristo. Lourenço, espanhol, natural de Huesca, foi um Diácono de bom humor que servia a Deus na Igreja de Roma durante meados do Século III.

Conta-nos a história que São Lourenço como primeiro dos Diáconos tinha grande amizade com o Papa Sisto II, tanto assim que ao vê-lo indo para o martírio falou: “Ó pai, aonde vais sem o teu filho? Tu que jamais ofereceste o sacrifício sem a assistência do teu Diácono, vais agora sozinho para o martírio?”. E o Papa respondeu: “Mais uns dias e te aguarda uma coroa mais bonita!”. São Lourenço era também responsável pela administração dos bens da Igreja que sustentava muitos necessitados.

Diante da perseguição do Imperador Valeriano, o prefeito local exigiu de Lourenço os tesouros da Igreja, para isso o Santo Diácono pediu um prazo, o qual foi o suficiente para reunir no átrio os órfãos, os cegos, os coxos, as viúvas, os idosos… todos os que a Igreja socorria, e no fim do prazo – com bom humor – disse: “Eis aqui os nossos tesouros, que nunca diminuem, e podem ser encontrados em toda parte”.

Sentindo-se iludido, o prefeito sujeitou o santo a diversos tormentos, até colocá-lo sobre um braseiro ardente; São Lourenço que sofreu o martírio em 258, não parava de interceder por todos, e mesmo assim encontrou no Espírito Santo força para dizer no auge do sofrimento na grelha: “Vira-me que já estou bem assado deste lado”.

A Roma cristã venera o santo espanhol com a mesma veneração e respeito com que honra seus primeiros Apóstolos. Depois de São Pedro e São Paulo, a festa de São Lourenço foi a maior da antiga liturgia romana. O que foi Santo Estevão em Jerusalém, isso mesmo o foi São Lourenço em Roma.

São Lourenço, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

Se o grão de trigo morrer, dá muito fruto… (Jo 12,24-26)

 

Muitas vezes, em seus ensinamentos, Jesus se utiliza de contrastes violentos. Entre eles, repetem-se as antíteses viver X morrer, ganhar X perder. O Mestre de Nazaré diz certas coisas que ficam atravessadas na goela do mundo pagão: “Quem quiser ser o primeiro, seja o último”. “Quem perde, ganha”. “De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vem a perder a sua alma?”

Hoje, quando a Liturgia celebra S. Lourenço, um diácono que deu a vida por sua fé, a Igreja nos recorda a imagem do grão de trigo. Nele, pulsa um mistério. Nasceu e cresceu em uma espiga de ouro, sob o calor de muitos sóis, embalado pelo vento musical. Pode ser armazenado, e ficará estéril. Ou pode ser lançado à terra e, morrendo, dar início a um novo ciclo de vida, multiplicando-se em novas espigas.

Morrer para viver. Morrer para gerar novas vidas. Abraçar a cruz, aceitar a dor, assumir compromissos cansativos para que outros venham a nascer para a vida que não passa…

De fato, toda obra humana se realiza à custa de sacrifícios, labores e cansaços. Há industriais que se matam para ganhar dinheiro e fazer fortuna. Muitos políticos se sacrificam para construir um império de poder. Quantos artistas atravessam o planeta em todos os quadrantes para ganhar a fama, recebendo aplausos de um público que os idolatra! Dinheiro, poder e glória humana parecem dar razão a seus esforços. Todos eles são apontados como heróis que chegaram ao sucesso…

Mas o tempo passa, implacável… A traça rói os tesouros acumulados, os impérios caem por terra e novos ídolos destronam os antigos. Ao fim da existência, fica apenas o gosto amargo de uma conquista efêmera. Mãos vazias, corações vazios, a alma vazia. Nada que nos possa acompanhar até a eternidade.

Será que não somos capazes de um sacrifício semelhante por valores que o tempo não nos poderá roubar? Não teremos coragem de trabalhar sério para educar os filhos no amor e na fé? Não teremos ânimo de estender por todo o planeta uma rede de evangelização que seja portadora da esperança para as novas gerações? Não teremos a ousadia de contrapor ao mundo consumista uma vida simples e sóbria, fraterna e solidária, comprometida com os deserdados do sistema?

 

            Que grão de trigo queremos ser?

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