A DOIS: DESAFIOS E APRENDIZAGEM AO LONGO DA PANDEMIA
Se, como indivíduos, o distanciamento social nos impôs desafios diversos, como parceiros de uma relação afetiva, os obstáculos não são menores, visto que a pandemia forçou uma intimidade maior, reativando a atenção para dentro de nossos lares e para os casais.
Essa situação, no entanto, tem aspectos positivos, como reflexões sobre o sentido da vida, compartilhamento de aflições, medos, e, principalmente, aprendizado de habilidades que melhorem o relacionamento a dois.
Com a redução dos contatos sociais, a casa se tornou o clube, a escola, a academia, o barzinho, enfim, o lar se agigantou, e os casais não tiveram outra chance, a não ser o confronto, antes protegido pelo desencontro ou pelos encontros superficiais.
Diante disso e com a experiência das consultas online (que, diga-se de passagem, aumentaram substancialmente), tenho percebido três tipos de relacionamento. Casais que negam o problema, acreditando que o tempo vai resolvê-lo, e têm como consequência o empobrecimento da vida emocional. Cônjuges que se dão o direito de liberar o pior lado de si em cima do outro, com ataques, ofensas e ressentimentos, arrasam de maneira “tsunâmica” o relacionamento. Por último, parceiros que, diante do impasse, enxergam a oportunidade de tentar mudar a situação, com tentativas de erros e acertos, esses indubitavelmente, vão sair vencedores do processo.
Para além das diferenças e dificuldades enfrentadas pelos casais, deve haver um esforço conjunto em tirar o foco dos problemas e dar destaque às alternativas de solução. O desapego do passado, a recriação do momento e o resgate do sentido de família são os primeiros passos. Em vez de apontar o dedo para o outro, questione-se sobre o que tem feito ou deixado de fazer para melhorar ou piorar a relação conjugal.
LABORATÓRIO DO AMOR
Inevitavelmente, vamos errar. A receita para amenizar essa situação é praticar o
que chamamos de “laboratório do amor”, contemplando cinco horas semanais de
atenção ao parceiro e, para cada ato negativo praticado, a compensação de cinco
atitudes positivas. A seguir, algumas dicas para ajudar a lidar melhor com os problemas
da vida a dois:
• fazer trocas afetivas com beijo e abraço, mesmo estando dentro da própria casa;
• reservar momentos de romance pelo menos duas vezes por semana;
• abrir mão do estilo competitivo e as- sumir um propósito mais colaborativo;
• adotar pequenas pausas ao longo do dia, para tomar um café juntos ou enviar uma
mensagem afetiva;
• não perder a sintonia de conversar olho no olho (escuta ativa);
• exercitar o perdão; e
• resgatar memórias positivas do relacionamento.
Texto de: PATRÍCIA QUARESMA RAGONE é psicóloga, pedagoga e fundadora da PQR (clínica de psicologia). Também é especialista em Terapia Cognitiva e autora dos livros “Laços – contribuições da terapia cognitiva para as relações familiares” e “Laços – um longo caminho a dois”.
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