08 de Setembro de 2020

23a semana comum Terça-feira

- por Pe. Alexandre

TERÇA FEIRA – NATIVIDADE DE N. SENHORA
(branco, glória, pref. de Maria – ofício da festa)

 

Antífona da entrada

– Celebremos com alegria o nascimento da Virgem Maria: por ela nos veio o sol da justiça, Cristo, nosso Deus.

 

Oração do dia

– Abri, ó Deus, para os vossos servos e servas os tesouros da vossa graça: e, assim como a maternidade de Maria foi a aurora da salvação, a festa do seu nascimento aumente em nós a vossa paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Mq 5,1-4a

 

– Leitura da profecia de Miqueias: Assim diz o Senhor: 1” Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povoados de Judá, de ti há de sair aquele que dominará em Israel; sua origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade. 2Deus deixará seu povo ao abandono, até ao tempo em que uma mãe der à luz; e o resto de seus irmãos se voltará para os filhos de Israel. 3Ele não recuará, apascentará com a força do Senhor e com a majestade do nome do Senhor seu Deus; os homens viverão em paz, pois ele agora estenderá o poder até aos confins da terra, 4ae ele mesmo será a paz”.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 71,6;13,6 (R: Is 61,10)

 

– Exulto de alegria no Senhor.
R: Exulto de alegria no Senhor.

– Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, desde o seio maternal, o meu amparo: para vós o meu louvor eternamente!

R: Exulto de alegria no Senhor.

– Uma vez que confiei no vosso amor, meu coração, por vosso auxílio, rejubile, e que eu vos cante pelo bem que me fizestes!

R: Exulto de alegria no Senhor.

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Sois feliz, virgem Maria, e mereceis todo louvor; pois de vós se levantou o sol brilhante da justiça, que é Cristo, nosso Deus, pelo qual nós fomos salvos!

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 1, 1-16.18-23

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

– Glória a vós, Senhor!   

 

1Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. 2Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos. 3Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Farés gerou Esron. Esron gerou Arão. 4Arão gerou Aminadab. Aminadab gerou Naasson. Naasson gerou Salmon. 5Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi. 6O rei Davi gerou Salomão, daquela que fora mulher de Urias. 7Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa. 8Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias. 9Ozias gerou Joatão. Joatão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias. 10Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amon. Amon gerou Josias. 11Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no cativeiro de Babilônia. 12E, depois do cativeiro de Babilônia, Jeconias gerou Salatiel. Salatiel gerou Zorobabel. 13Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliacim. Eliacim gerou Azor. 14Azor gerou Sadoc. Sadoc gerou Aquim. Aquim gerou Eliud. 15Eliud gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó. 16Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.

18A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria em segredo. 20Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. 22Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 23“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco”.

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!   

Natividade de Nossa Senhora

- por Pe. Alexandre

Hoje é comemorado o dia em que Deus começa a pôr em prática o Seu plano eterno, pois era necessário que se construísse a casa, antes que o Rei descesse para habitá-la. Esta “casa”, que é Maria, foi construída com sete colunas, que são os dons do Espírito Santo.

Deus dá um passo à frente na atuação do Seu eterno desígnio de amor, por isso, a festa de hoje, foi celebrada com louvores magníficos por muitos Santos Padres. Segundo uma antiga tradição os pais de Maria, Joaquim e Ana, não podiam ter filhos, até que em meio às lágrimas, penitências e orações, alcançaram esta graça de Deus.

De fato, Maria nasce, é amamentada e cresce para ser a Mãe do Rei dos séculos, para ser a Mãe de Deus. E por isso comemoramos o dia de sua vinda para este mundo, e não somente o nascimento para o Céu, como é feito com os outros santos.

Sem dúvida, para nós como para todos os patriarcas do Antigo Testamento, o nascimento da Mãe, é razão de júbilo, pois Ela apareceu no mundo: a Aurora que precedeu o Sol da Justiça e Redentor da Humanidade.

Nossa Senhora, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

22. NATIVIDADE DE NOSSA SENHORA

Festa

– A alegria no nascimento de Nossa Senhora.

– A festa de hoje leva-nos também a olhar com profundo respeito a concepção e nascimento de todo o ser humano.

– O valor de cada dia.

Temos notícia desta festa de Nossa Senhora há muitos séculos. Foi comemorada primeiro no Oriente e depois em toda a Igreja. É uma festa cheia de alegria, pois celebramos o nascimento dAquela que seria a Mãe de Deus e também Mãe nossa. A sua chegada ao mundo é o anúncio da proximidade da Redenção. Muitas nações e cidades, sob diversas invocações, celebram hoje a sua Padroeira.

I. CELEBREMOS COM ALEGRIA o nascimento da Virgem Maria: por Ela nos veio o Sol da justiça, Cristo, nosso Deus1.

O convite dos textos litúrgicos à alegria é constante desde os antiquíssimos começos desta festa2. É lógico que seja assim: se a família, os amigos e vizinhos se alegram quando nasce uma criança, e se os aniversários são celebrados com júbilo, como não havemos de encher-nos de alegria ao comemorarmos o nascimento da nossa Mãe?

Este acontecimento feliz indica que o Messias já está próximo: Maria é a Estrela da manhã que, na aurora que precede a saída do sol, anuncia a chegada do Salvador, o Sol da justiça na história do gênero humano3. “Convinha – escreve um antigo escritor sagrado – que a fulgurante e surpreendente vinda de Deus aos homens fosse precedida por algum acontecimento que nos preparasse para receber com alegria o grande dom da salvação. E este é o significado da festa de hoje, já que a natividade da Mãe de Deus é o exórdio de todo esse cúmulo de bens. Portanto, cante e dance toda a criação e contribua com algo digno do júbilo deste dia. Que se juntem os céus e a terra nesta celebração, e que a festeje tudo quanto há no mundo e acima do mundo”4.

A liturgia da Missa de hoje aplica à Virgem recém-nascida a passagem da Epístola aos Romanos5 em que São Paulo descreve a misericórdia divina que escolhe os homens para um destino eterno: Maria, desde toda a eternidade, é predestinada pela Santíssima Trindade para ser a Mãe de Deus. Para isso, foi adornada de todas as graças. “Inegavelmente, a alma de Maria foi a mais bela que Deus criou. Depois da Encarnação do Verbo, foi esta a obra mais formosa e mais digna de Si que o Onipotente levou a cabo neste mundo”6.

A graça de Maria no momento da sua concepção ultrapassou as graças de todos os santos e anjos juntos, pois Deus dá a cada um a graça que corresponde à sua missão neste mundo7. A imensa graça de Maria foi suficiente e proporcionada à singular dignidade a que Deus a tinha chamado desde toda a eternidade8. Maria foi tão grande em santidade e beleza – afirma São Bernardo –, que não convinha que Deus tivesse outra Mãe, como também não convinha que Maria tivesse outro Filho a não ser o próprio Deus9. E São Boaventura afirma que Deus podia ter feito um mundo maior, mas não podia ter feito uma Mãe mais perfeita do que a Mãe de Deus10.

Recordemos hoje que recebemos de Deus uma chamada à santidade, para cumprirmos uma missão concreta no mundo. Ao contemplarmos a plenitude de graça e a beleza de Nossa Senhora, também devemos pensar que Deus nos dá a cada um as graças necessárias e suficientes, sem que falte uma só, para levarmos a cabo a nossa vocação específica no meio do mundo. Podemos considerar também que é lógico que desejemos festejar o aniversário do nosso nascimento porque Deus quis expressamente que nascêssemos, e porque nos chamou a um destino eterno de felicidade.

II. EXULTE, Ó DEUS, a vossa Igreja […], pois nos alegramos pelo nascimento de Maria, que foi para o mundo inteiro esperança e aurora da salvação11.

Quantos anos celebra hoje a nossa Mãe?… Para Ela, o tempo já não passa, porque alcançou a plenitude da idade, essa juventude eterna e plena que nasce da participação na juventude de um Deus que, conforme diz Santo Agostinho, “é mais jovem do que todos”12, precisamente por ser eterno e imutável. Talvez tenhamos podido ver de perto a alegria e a juventude interior de alguma pessoa santa, e contemplar como, de um corpo que carregava o peso dos anos, brotava uma juventude de coração com uma energia e uma vida irreprimíveis. Essa juventude interior é tanto mais profunda quanto maior a união com Deus. Maria, por ser a criatura que mais intimamente se uniu a Ele, é certamente a mais jovem de todas as criaturas. Nela, juventude e maturidade confundem-se, como também em nós, quando caminhamos a direito ad Deum, qui laetificat iuventutem meam, para Deus que nos rejuvenesce cada dia por dentro e, com a sua graça, nos inunda de alegria13.

Desde a sua adolescência, a Virgem possuiu uma maturidade interior plena e proporcionada à sua idade. Agora, no Céu, com a plenitude de graça – a inicial e a que alcançou com os seus méritos, unindo-se à obra do seu Filho –, contempla-nos e presta ouvidos aos nossos louvores e súplicas. Hoje escuta o nosso canto de ação de graças a Deus por tê-la criado; olha-nos e compreende-nos porque Ela – depois de Deus – é quem mais sabe da nossa vida, das nossas fadigas, dos nossos anseios14.

Quando nasce um filho, todos os pais pensam que é incomparável. É o que muito naturalmente devem ter pensado São Joaquim e Santa Ana quando Maria nasceu, e não se enganaram: todas as gerações a chamariam bem-aventurada… “Joaquim e Ana não podiam suspeitar naquele dia o que havia de ser aquele fruto do seu casto amor. Nunca se sabe. Quem pode dizer o que será uma criatura recém-nascida? Nunca se sabe…”15 Cada uma é um mistério de Deus, que vem ao mundo com uma missão específica do Criador.

A festa de hoje leva-nos a olhar com profundo respeito a concepção e o nascimento de todo o ser humano, a quem Deus deu o corpo através dos pais e infundiu uma alma imortal e irrepetível, criada diretamente por Ele no momento da concepção. “A grande alegria que como fiéis experimentamos pelo nascimento da Mãe de Deus […] comporta ao mesmo tempo, para todos nós, uma grande exigência: devemos sentir-nos felizes quando se forma uma criança no seio de uma mãe e quando vê a luz do mundo. Mesmo quando o recém-nascido exige renúncias, limitações, sobrecargas, sempre deverá ser acolhido e sentir-se protegido pelo amor de seus pais”16. Todo o ser humano concebido é chamado a ser filho de Deus, a dar-lhe glória e a gozar de um destino eterno e feliz.

Deus Pai, ao contemplar Maria recém-nascida, alegrou-se com uma alegria infinita ao ver uma criatura humana sem o pecado original, cheia de graça, puríssima e destinada a ser a Mãe do seu Filho eternamente. Ainda que Deus tenha concedido a São Joaquim e Santa Ana uma alegria particular, como participação da graça derramada sobre a sua filha, o que teriam sentido se, ao menos de longe, tivessem vislumbrado o destino daquela criatura que vinha ao mundo como as outras? Em outra ordem, também nós não podemos fazer idéia da incomensurável eficácia da nossa passagem pela terra, se formos fiéis às graças recebidas para levarmos a cabo a nossa vocação, outorgada por Deus desde toda a eternidade.

III. NENHUMacompanhou o nascimento de Maria, e os Evangelhos nada dizem a esse respeito. Nasceu talvez numa cidade da Galiléia, provavelmente na própria Nazaré, e naquele dia nada se revelou aos homens. O mundo continuou a dar importância a outros acontecimentos que depois seriam completamente apagados da face da terra sem deixar o menor rasto. Com freqüência, as coisas importantes para Deus passam desapercebidas aos olhos dos homens, que sempre procuram o extraordinário para enfrentarem a sua existência. Só no Céu é que houve festa, e festa grande.

Depois, durante muitos anos, a Virgem passou inadvertida. Todo o povo de Israel esperava essa donzela anunciada na Escritura17, e não sabia que Ela já vivia entre os homens. Externamente, não se distinguia em nada das outras mulheres. Tinha vontade, queria, amava com uma intensidade que nos é difícil abarcar, com um amor que em todas as coisas se amoldava à vontade de Deus. Tinha entendimento para compreender os mistérios que ia descobrindo pouco a pouco, a perfeita relação que havia entre eles, as profecias que falavam do Redentor…; e entendimento para aprender como fiar ou cozinhar… E tinha memória – guardava as coisas no seu coração18 – e passava de umas recordações para outras, valia-se de referências concretas. Possuía ainda uma imaginação viva, que a fez ter uma vida cheia de iniciativas e de singela perspicácia para servir os outros e tornar-lhes a vida mais amável. Deus contemplava-a cheio de amor, ocupada nos pequenos afazeres de cada dia, e alegrava-se com imenso júbilo ao vê-la realizar essas tarefas desprovidas de relevo.

A sua vida tão cheia de normalidade ensina-nos a agir de tal maneira que saibamos ocupar-nos nas nossas tarefas diárias sempre de olhos postos em Deus: que saibamos servir os outros sem alarde, sem fazer valer constantemente os nossos direitos ou os privilégios que nós mesmos nos arrogamos, que saibamos terminar bem o trabalho que temos entre mãos…

Se imitarmos Nossa Senhora, aprenderemos a dar valor às pequenas coisas dos dias sempre iguais, a dar sentido sobrenatural às nossas ações, que talvez ninguém vê: limpar uns móveis, corrigir uns dados no computador, arrumar a cama de um doente, procurar as referências precisas para dar bem uma aula que estamos preparando… É um conjunto de trivialidades que, vividas com amor, atraem a misericórdia divina e aumentam continuamente a graça santificante na alma. Maria é o exemplo perfeito desta entrega diária, “que consiste em fazer da nossa vida uma oferenda ao Senhor”19.

Sob diversas invocações, muitas cidades e nações celebram hoje esta festa, com uma intuição certeira, pois “se Salomão – ensina São Pedro Damião – celebrou solenemente com todo o povo de Israel um sacrifício tão copioso e magnífico para comemorar a dedicação do templo material, qual e quanta não será a alegria do povo cristão ao celebrar o nascimento da Virgem Maria, em cujo seio, como num templo sacratíssimo, desceu o próprio Deus em pessoa para dela receber a natureza humana, dignando-se viver visivelmente entre os homens?”20 Não deixemos de festejar a data de hoje com essas delicadezas que são próprias dos bons filhos.

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