22 de Agosto de 2020
20a semana comum Sábado
- por Pe. Alexandre
SABADO – NOSSA SENHORA RAINHA
(branco, pref. de Maria – ofício da memória)
Antífona da entrada
– A rainha está à vossa direita com suas vestes de ouro, ornada de esplendor (Sl 44,10).
Oração do dia
– Ó Deus, que fizestes a mãe de vosso Filho nossa mãe e rainha, dai-nos, por sua intercessão, alcançar o reino do céu e a glória prometida aos vossos filhos e filhas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: Is 9, 1-6
– Leitura do livro do profeta Isaías – 1O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. 2Fizeste crescer a alegria, e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita, ou como exaltados guerreiros ao dividirem os despojos. 3Pois o jugo que oprimia o povo, — a carga sobre os ombros, o orgulho dos fiscais — tu os abateste como na jornada de Madiã. 4Botas de tropa de assalto, trajes manchados de sangue, tudo será queimado e devorado pelas chamas. 5Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz. 6Grande será o seu reino e a paz não há de ter fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reinado, que ele irá consolidar e confirmar em justiça e santidade, a partir de agora e para todo o sempre. O amor zeloso do Senhor dos exércitos há de realizar estas coisas.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 113, 1-2.3-4.5-6.7-8 (R: 2)
– Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!
R: Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!
– Louvai, louvai, ó servos do Senhor, louvai, louvai o nome do Senhor! Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade.
R: Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!
– Do nascer do sol até o seu ocaso, louvado seja o nome do Senhor! O Senhor está acima das nações, sua glória vai além dos altos céus.
R: Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!
– Quem pode comparar-se ao nosso Deus, ao senhor, que no alto céu tem o seu trono e se inclina para olhar o céu e a terra?
R: Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!
– Levanta da poeira o indigente e do lixo ele retira o pobrezinho, para fazê-lo assentar-se com os nobres, assentar-se com os nobres do seu povo.
R: Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!
Aclamação ao santo Evangelho.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Maria, alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor é contigo; és bendita entre todas as mulheres da terra! (Lc 1,28).
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 1, 26-38
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas.
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, 26 o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27a uma virgem prometida em casamento a um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. 28Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. 29Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. 30O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 32Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu Pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, 33e o seu reino não terá fim. 34Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem? 35Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril, 37porque a Deus nenhuma coisa é impossível. 38Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
Nossa Senhora Rainha
- por Pe. Alexandre
Instituída pelo Papa Pio XII, celebramos hoje a Memória de Nossa Senhora Rainha, que visa louvar o Filho, pois já dizia o Cardeal Suenens: “Toda devoção a Maria termina em Jesus, tal como o rio que se lança ao mar”.
Paralela ao reconhecimento do Cristo Rei encontramos a realeza da Virgem a qual foi assunta ao Céu. Mãe da Cabeça, dos membros do Corpo místico e Mãe da Igreja; Nossa Senhora é aquela que do Céu reina sobre as almas cristãs, a fim de que haja a salvação: “É impossível que se perca quem se dirige com confiança a Maria e a quem Ela acolher” (Santo Anselmo).
Nossa Senhora Rainha, desde a Encarnação do Filho de Deus, buscou participar dos Mistérios de sua vida como discípula, porém sem nunca renunciar sua maternidade divina, por isso o evangelista São Lucas a identifica entre os primeiros cristãos: “Maria, a mãe de Jesus” (Atos 1,14). Diante desta doce realidade de se ter uma Rainha no Céu que influencia a Terra, podemos com toda a Igreja saudá-la: “Salve Rainha” e repetir com o Papa Pio XII que instituiu e escreveu a Carta Encíclica Ad Caeli Reginam (à Rainha do Céu): “A Jesus por Maria. Não há outro caminho”.
Nossa Senhora Rainha, rogai por nós!
Meditação
- por Pe. Alexandre
17. NOSSA SENHORA RAINHA
Memória
– Santa Maria, Rainha do céu e da terra.
– Realeza de Nossa Senhora.
– O reinado de Maria exerce-se no Céu, na terra e no purgatório.
Esta festa foi instituída por Pio XII em 1954, em correspondência à fé unânime de toda a Tradição que desde sempre reconheceu a dignidade régia de Maria por ser Mãe doRei dos reis e Senhor dos senhores. Santa Maria é uma Rainha sumamente acessível, pois todas as graças nos chegam através da sua mediação maternal. A coroação de Maria como Rainha de todas as coisas criadas – que contemplamos no quinto mistério do Rosário – está intimamente ligada à sua Assunção ao Céu em corpo e alma.
I. “A MÃE DE CRISTO, efetivamente, foi glorificada como Rainha do Universo. Ela, que na Anunciação se definiu como escrava do Senhor, permaneceu fiel ao que este nome exprime durante toda a sua vida terrena, confirmando desse modo que era uma verdadeira discípula de Cristo, o que sublinhava fortemente o caráter de serviço da sua missão: o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos (Mt 20, 28). Por isso, Maria tornou-se a primeira entre aqueles que «servindo a Cristo também nos outros, conduzem os seus irmãos, com humildade e paciência, àquele Rei a quem servir é reinar» (Lumen gentium, 36), e alcançou plenamente aquele estado de liberdade real que é próprio dos discípulos de Cristo: servir quer dizer reinar! […] A glória de servir não cessa de ser a exaltação real de Maria; assunta aos céus, Ela não suspende aquele seu serviço salvífico…”1
O dogma da Assunção, que pudemos celebrar na semana passada, leva-nos de modo natural à festa de hoje: a realeza de Maria. Nossa Senhora subiu ao Céu em corpo e alma para ser coroada pela Santíssima Trindade como Rainha e Senhora da Criação: “Terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória celeste. E, para que se assemelhasse mais plenamente ao seu Filho, Senhor dos senhores (cfr. Apoc 19, 16) e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo Senhor como Rainha do Universo”2.
Esta verdade foi afirmada desde tempos antiquíssimos pela piedade dos fiéis e ensinada pelo Magistério da Igreja3. Santo Efrém coloca nos lábios de Maria estas belíssimas palavras: “O Céu sustente-me com os seus braços, porque sou mais honrada do que ele mesmo. Pois o Céu foi apenas o teu trono, não a tua mãe. Quantas vezes é mais digna de honra a Mãe do Rei do que o seu trono!”4
Foi muito freqüente exprimir este título de Maria mediante o costume de coroar as suas imagens de forma canônica, por concessão expressa dos Papas5. Desde os primeiros séculos, a arte cristã representou Maria como Rainha e Imperatriz, sentada em trono real, ornada com as insígnias da realeza e rodeada de anjos. Não poucas vezes retratam-na no momento em que é coroada pelo seu Filho. E os fiéis recorreram a Ela com orações como a Salve-Regina, Ave Regina Caelorum, Rainha do céu, alegrai-vos…, tantas vezes repetidas.
Também não são poucas as vezes em que temos recorrido a Ela recordando-lhe esse formoso título da sua realeza no marco do quinto mistério glorioso do Santo Rosário. Hoje, na nossa oração, fazemo-lo de modo especial.
“És toda formosa, e não há mancha em ti. – És horto cerrado, minha irmã, Esposa, horto cerrado, fonte selada. – Veni, coronaberis. – Vem, serás coroada (Cânt 4, 7.12 e 8).
“Se tu e eu tivéssemos tido poder, tê-la-íamos feito também Rainha e Senhora de toda a criação.
“Um grande sinal apareceu no céu: uma mulher com uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. – O Pai, o Filho e o Espírito Santo coroam-na como Imperatriz que é do Universo.
“E rendem-lhe preito de vassalagem os Anjos…, e os patriarcas e os profetas e os Apóstolos…, e os mártires e os confessores e as virgens e todos os santos…, e todos os pecadores, e tu e eu”6.
II. EIS QUE CONCEBERÁS e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó; e o seu reino não terá fim7, lemos no texto do Evangelho da Missa de hoje.
A realeza de Maria está intimamente relacionada com a do seu Filho. Jesus Cristo é Rei porque lhe compete um poder pleno e completo, tanto na ordem natural como na sobrenatural; é uma realeza própria e absoluta, além de ser plena. A realeza de Maria é plena e participada da do seu Filho. Os termos Rainha e Senhora aplicados à Virgem não são uma metáfora; com eles, designamos uma verdadeira superioridade e uma autêntica dignidade e poder nos céus e na terra. Por ser Mãe do Rei, Maria é verdadeira e propriamente Rainha, encontra-se no cume da criação e é efetivamente a primeira pessoa humana do Universo. “Belíssima e perfeitíssima, tem tal plenitude de inocência e santidade que não pode conceber-se outra maior depois de Deus”8.
Os títulos da realeza de Maria são a sua união com Cristo como Mãe e a associação com o seu Filho Rei na redenção do mundo. Pelo primeiro título, Maria é Rainha-Mãe de um Rei que é Deus, o que a enaltece sobre todas as criaturas humanas; pelo segundo, Maria Rainha é dispensadora dos tesouros e bens do Reino de Deus, em virtude da sua corredenção.
Na instituição desta festa, Pio XII convidava os fiéis a aproximar-se deste “trono de graça e de misericórdia da nossa Rainha e Mãe para pedir-lhe socorro na adversidade, luz nas trevas, alívio nas dores e penas”; e animava todos os cristãos a pedirem graças ao Espírito Santo e a esforçarem-se por detestar o pecado e livrar-se da sua escravidão, “para poderem render um preito de vassalagem constante, perfumado com a devoção de filhos”, a quem é Rainha e tão grande Mãe9. Adeamus ergo cum fiducia ad thronum gratiae, ut misericordiam consequamur… “Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e encontrarmos graça para sermos socorridos no momento oportuno”10. Este trono, símbolo da autoridade, é o de Cristo, mas Ele quis que fosse na sua Mãe, trono de graça, que mais facilmente alcançássemos a misericórdia, pois Ela nos foi dada “como advogada da graça e Rainha do Universo”11.
Contemplamos hoje uma grande festa no céu. A Santíssima Trindade sai ao encontro da nossa Mãe, assunta aos céus por toda a eternidade.
“É justo que o Pai, o Filho e o Espírito Santo coroem a Virgem Santíssima como Rainha e Senhora de toda a criação. – Aproveita-te desse poder e, com atrevimento filial, une-te a essa festa do Céu. – Eu corôo a Mãe de Deus e minha Mãe com as minhas misérias purificadas, porque não tenho pedras preciosas nem virtudes. – Anima-te!”12
A Virgem espera-nos; quer que nos unamos à alegria dos Santos e dos Anjos. E temos o direito de participar de uma festa tão grande, pois trata-se da nossa Mãe.
III. APARECEU NO CÉU um grande sinal: uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça13. Essa mulher, além de representar a Igreja, simboliza Maria14, a Mãe de Jesus, que no Calvário foi entregue a João para ser cuidada por ele. O discípulo cumpriu com esmero esse encargo e pôde contemplá-la muitas vezes. Quando, já velho, passava para o papel as suas visões, Maria já exercia a sua realeza no Céu.
Os três traços com que o Apocalipse descreve Nossa Senhora são símbolo dessa dignidade: vestida de sol, quer dizer, resplandecente de graça por ser a Mãe de Deus; com a lua debaixo dos pés, como soberana que é de todas as coisas criadas; e uma coroa de doze estrelas, expressão da sua coroa real, do seu reinado sobre todos os anjos e santos15. Na ladainha do terço, recordamos todos os dias que Ela é Rainha dos Anjos, dos Patriarcas, dos Profetas, dos Apóstolos, dos Mártires, de todos os santos… É também a nossa Rainha e Senhora.
O reinado de Maria exerce-se diariamente em toda a terra, pois é Ela que distribui a mãos cheias a graça e a misericórdia do Senhor. Em correspondência, devemos colocar-nos muitas vezes na sua presença, reconhecendo-a como Rainha. Muitos cristãos, aos sábados e quando visitam os seus inumeráveis santuários, cantam-lhe ou rezam-lhe com devoção essa antiga oração que é a Salve-Rainha: Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa…
Esse reinado é exercido no Céu sobre os Anjos e sobre todos os bem-aventurados, que aumentam a sua glória acidental “pelas luzes que Maria lhes comunica, pelas alegrias que experimentam na sua presença, por tudo quanto Ela faz pela salvação das almas”16.
O reinado de Maria exerce-se também no Purgatório. “Salve, Rainha, cantavam as almas que vi sentadas sobre a relva e entre as flores que não se viam de fora do vale”, declara o poeta italiano17. A nossa Mãe anima-nos constantemente a pedir e a oferecer sufrágios pelos que ainda se purificam no Purgatório; apresenta a Deus as nossas orações por eles, aumentando assim o seu valor. Aplica a essas almas, em nome do seu Filho, os frutos dos méritos que Ele nos alcançou e os dos seus próprios méritos. A nossa Mãe é uma boa aliada no nosso esforço por ajudar as almas do Purgatório, e, se procurarmos a sua intimidade, estimular-nos-á também a purificar as nossas faltas e pecados já nesta vida, permitindo assim que possamos contemplá-la imediatamente depois da morte, sem termos que passar por esse lugar de espera e de purificação.
Ó Deus, que fizestes a Mãe do vosso Filho nossa Mãe e Rainha, concedei-nos, por sua intercessão, que alcancemos o reino do céu e a glória prometida aos vossos filhos18.
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