07 de Agosto de 2020
17a 18a semana comum Sexta-feira
- por Pe. Alexandre
SEXTA FEIRA – XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Antífona da entrada
– Meu Deus, vinde libertar-me, apressai-vos, Senhor, em socorrer-me. Vós sois o meu socorro e o meu libertador; Senhor, não tardeis mais (Sl 69,2,6).
Oração do dia
– Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os filhos e filhas que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: Naum 2,1-3;3,1-3.6-7
– Leitura da profecia de Naum: 2,1“Eis sobre os montes os passos de um mensageiro, que anuncia a paz. Ó Judá, celebra tuas festas, cumpre tuas promessas: nunca mais Belial pisará teu solo; ele foi aniquilado. 3O Senhor há de restaurar a grandeza de Jacó, assim como a grandeza de Israel, pois os ladrões os saquearam e devastaram suas videiras. 3,1Ai de ti, cidade sanguinária, cheia de imposturas, cheia de espoliação e de incessante rapinagem. 2Estalo de chicotes, fragor de rodas, cavalos relinchando, ringir de carros impetuosos, cavaleiros à carga, 3espadas brilhando e lanças reluzentes, trucidados sem conta, mortos aos montes; cadáveres sem fim, tropeça-se sobre os corpos. 6Farei cair sobre ti tuas abominações, e te lançarei em rosto merecidos insultos; de ti farei um exemplo. 7Assim, todos os que te virem, fugirão para longe, dizendo: ‘Nínive está em ruínas! Quem terá compaixão dela? Onde achar quem a console?’”
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl (Dt) 32,35cd-36ab.39abcd.41abcd (R: 39c)
– Sou eu que tiro a vida, sou eu quem faz viver!
R: Sou eu que tiro a vida, sou eu quem faz viver!
– Já vem o dia em que serão arruinados e o seu destino se apressa em chegar. Porque o Senhor fará justiça a seu povo e salvará todos aqueles que o servem.
R: Sou eu que tiro a vida, sou eu quem faz viver!
– Saibam todos que eu sou, somente eu, e não existe outro Deus além de mim: quem mata e faz viver, sou eu somente, sou eu que firo e eu que torno a curar.
R: Sou eu que tiro a vida, sou eu quem faz viver!
– Se eu afiar a minha espada reluzente e com as minhas próprias mãos fizer justiça, dos adversários todos hei de me vingar e vou retribuir aos que odeiam.
R: Sou eu que tiro a vida, sou eu quem faz viver!
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Felizes os que são perseguidos por causa da justiça do Senhor, porque o reino dos céus há de ser deles! (Mt 5,10).
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 16,24-28
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, 24Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. 25Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. 26De fato, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? Que poderá alguém dar em troca de sua vida? 27Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta. 28Em verdade vos digo: Alguns daqueles que estão aqui não morrerão antes de verem o Filho do Homem vindo com seu Reino”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
São Xisto II
- por Pe. Alexandre
Os anos que se seguiram de 250 até 260 foram uns dos mais terríveis e, ao mesmo tempo, gloriosos do Cristianismo; terríveis devido à fúria dos imperadores Décio e Valeriano, e gloriosos por conta da têmpera dos inúmeros mártires, que foram os que mais glorificaram a Deus.
O Santo Papa Sisto II, a quem celebramos neste dia, foi um destes homens que soube transformar o terrível em glória, a partir do seu testemunho de fé, amor e esperança em Cristo Jesus. Pertence à lista de cinco consecutivos Papas mártires, São Sisto II governou a Igreja durante um ano (257 – 258) e neste tempo semeou a paz e a unidade no seio da Igreja de Cristo.
Foi Sisto decapitado pela polícia durante uma cerimônia clandestina que ele celebrava num cemitério da via Ápia. Foram ao mesmo tempo executados seis dos sete diáconos que o rodeavam. Só pouparam algum tempo o diácono Lourenço, seu tesoureiro, a quem deixaram quatro dias para entregar os bens da Igreja. Assim se procedia desde que o imperador Valeriano (+260) estabelecera a pena de morte “sem julgamento, só com verificação de identidade”, contra os Bispos, padres e diáconos da religião cristã.
Desta forma, São Sisto II e seus companheiros mártires entregaram suas vidas em sinal de fidelidade a Cristo e foram recompensados com o tesouro da eternidade no Céu.
São Sisto II e companheiros mártires, rogai por nós!
Meditação
- por Pe. Alexandre
53. O AMOR E A CRUZ
– A maior demonstração de amor.
– O sentido e os frutos da dor.
– Sacrifícios procurados voluntariamente.
I. UM DIA, JESUS CHAMOU os seus discípulos e estes, deixando tudo, seguiram‑no. Passaram a acompanhar o Mestre pelos caminhos da Palestina, percorrendo cidades e aldeias, compartilhando com Ele alegrias, fadigas, fome, cansaço… Houve ocasiões em que expuseram a vida e a honra por Jesus. Mas essa companhia externa foi‑se convertendo pouco a pouco num seguimento interior, dando lugar a uma transformação das suas almas. Era um seguimento mais profundo, que requeria algo mais do que o desprendimento ou mesmo o abandono efetivo da casa, do lar, da família, dos bens… Assim o manifestou o Senhor, como lemos no Evangelho da Missa de hoje1: Se alguém quiser vir após mim, negue‑se a si mesmo, tome a sua cruz e siga‑me.
Negar‑se a si mesmo significa renunciar a ser o centro de si mesmo. O único centro do verdadeiro discípulo só pode ser Cristo, a quem se dirigem constantemente os seus pensamentos, anseios e afazeres cotidianos, que se convertem numa verdadeira oferenda ao Senhor.
Tomar a cruz significa que se está disposto a morrer. Aquele que abraça o madeiro e o coloca sobre os seus ombros aceita plenamente o seu destino, sabe que a sua vida terminará nessa cruz. Toma uma decisão inabalável de imitar o Senhor até o fim, sem limite algum; propõe‑se identificar a sua vontade com a de Cristo, mesmo que isso signifique acompanhá‑lo até o Calvário.
Temos de considerar freqüentemente que a Paixão e a Morte na Cruz são a máxima expressão da entrega de Cristo ao Pai e do seu amor por nós. Certamente, o menor ato de amor de Jesus Cristo, a mais pequena das suas obras, já desde menino, tinha um valor meritório infinito para obter para todos os homens a graça da redenção, a vida eterna e todas as ajudas necessárias para a alcançarem. Mas, apesar disso, o Senhor quis sofrer todos os horrores da Paixão e da Morte na Cruz para nos mostrar quanto amava o Pai, quanto nos amava a cada um de nós.
O Espírito Santo deixou‑nos escrito por meio de São João que Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho Unigênito2. Jesus entregou voluntariamente a sua vida por amor de nós, pois ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos3. E manifestou aos seus discípulos toda a urgência com que desejava fazê‑lo: Tenho de receber um batismo; e como me sinto ansioso até que se cumpra!4
Jesus Cristo revela as ânsias irreprimíveis com que desejava entregar a sua vida por amor. E se queremos segui‑lo, não já externamente, mas profundamente, identificando‑nos com Ele, como é que podemos rejeitar a Cruz, o sacrifício, que está tão intimamente relacionado com o amor e com a entrega? Seguir o Senhor de perto levar‑nos‑á à abnegação mais completa, à plenitude do amor, à alegria mais intensa. A abnegação limpa, purifica, clarifica e diviniza a alma. “Ter a Cruz é ter a alegria: é ter‑te a Ti, Senhor!”5
II. CONTA‑SE DE UMA ALMA santa que, ao ver como todos os acontecimentos lhe eram contrários e que a uma prova se sucedia outra, e a uma calamidade um desastre ainda maior, voltou‑se com ternura para o Senhor e perguntou‑lhe: Mas, Senhor, que foi que Te fiz?, e ouviu no seu coração estas palavras: Amaste‑me. E encheu‑se de uma grande paz e alegria6.
Na nossa vida, teremos penas, como todos os homens. “Se vierem contradições, fica certo de que são uma prova do amor de Pai que o Senhor tem por ti”7. São ocasiões inigualáveis para olhar com amor para um crucifixo e contemplar a figura de Cristo, para compreender que Ele, do alto da Cruz, nos está dizendo: “A ti, amo‑te mais”, “de ti, espero mais”. Talvez tenhamos motivos para dizer‑lhe: “Senhor, que foi que Te fiz?” E Ele nos responderá silenciosamente que nos ama e que nos pede uma entrega sem limites à sua santa vontade, que tem uma “lógica” diferente da lógica humana. Chega o momento da aceitação e do abandono, e então compreendemos todo o bem que recebemos e como devemos dar graças ao Senhor!8
Muitas vezes, no entanto, encontramos a Cruz em questões sem importância, como é uma dor de cabeça inoportuna, uma entrevista a que a outra pessoa não comparece nem se justifica, a pressa com que temos de resolver um assunto ou concluir um trabalho porque o prazo se esgota, uma pequena humilhação que não esperávamos, e por aí afora… O Senhor também nos espera nessas coisas do dia‑a‑dia. E não pensemos que isso não é a Cruz de Cristo por carecer de importância. Não é verdade que, muitas vezes, é mais difícil vencer sem queixas estéreis, sem mau‑humor, sem rebeldia, essas pequenas contrariedades do que as grandes? Não parecem exigir heroicidade, e sucumbimos por nos apanharem desprevenidos e, no fundo, porque esquecemos que o amor não distingue as coisas pequenas das grandes. Diz Caminho: “Quantos se deixariam cravar numa cruz perante o olhar atônito de milhares de espectadores, e não sabem sofrer cristãmente as alfinetadas de cada dia! – Pensa então no que será mais heróico”9. E mais adiante, ao tratar da infância espiritual: “Uma picadela. – E outra. – Agüenta‑as, faz favor! Não vês que és tão pequeno que só podes oferecer na tua vida – no teu pequeno caminho – essas pequenas cruzes?
“Além disso, repara: uma cruz sobre outra – uma picadela e outra…, que grande montão!
“– No fim, menino, soubeste fazer uma coisa muito grande: Amar”10.
A dor, abraçada com amor e por amor, tem imensos frutos: satisfaz pelos nossos pecados, “aprofunda e reforça o nosso caráter e a nossa personalidade. Dá‑nos uma compreensão e uma simpatia pelo nosso próximo que não se pode adquirir de outra maneira. Abre‑nos de verdade a vida interior do próprio Cristo, e ao fazê‑lo une‑nos mais estreitamente a Ele. Com freqüência, o sofrimento profundo é também um ponto decisivo nas nossas vidas e conduz ao princípio de um novo fervor e de uma nova esperança”11, a uma nova maneira, mais profunda e mais completa, de entender a própria existência.
III. SE ALGUÉM QUISER vir após mim… Não desejamos outra coisa no mundo a não ser seguir Cristo de perto; não amamos nenhuma outra coisa, nem a própria vida, mais do que esta: identificar‑nos com Ele, tornar próprios os seus desejos e os sentimentos que teve aqui na terra. Estamos junto dEle não só quando tudo nos corre bem, mas também quando aceitamos com paciência as adversidades, contentes de poder acompanhar o Senhor no seu caminho para a Cruz12.
Mas se nos limitássemos apenas a esperar as tribulações, as contrariedades, a dor que não podemos evitar, faltaria generosidade ao nosso amor. Cairíamos na atitude de quem quer contentar‑se com o mínimo. “Seria atuar com uma disposição remissa, que bem poderia expressar‑se com estas palavras: «Mortificação? Bastantes dissabores tem já a vida! Eu tenho preocupações suficientes!» No entanto, a vida interior necessita tanto da mortificação, que temos de procurá‑la ativamente. A mortificação que nos vem trazida pela vida e pelas suas circunstâncias é importante e valiosa, mas não pode ser uma desculpa para recusarmos uma generosa expiação voluntária, que será sinal de um verdadeiro espírito de penitência: Eu te oferecerei um sacrifício voluntário, celebrarei o teu nome, Senhor, porque és bom! (Sl 53, 8)”13.
A Igreja propõe‑nos um dia preciso na semana, a sexta‑feira, para que examinemos o sentido penitencial da nossa vida à luz da Paixão de Cristo. Nesse dia, muitos cristãos consideram com mais vagar os mistérios dolorosos da vida do Senhor, ou praticam o piedoso exercício da Via‑Sacra, ou meditam a Paixão do Senhor… É um bom dia para que examinemos como enfrentamos habitualmente as contrariedades, e com que generosidade, fruto do amor, procuramos essa mortificação voluntária que é complemento indispensável do espírito de amor à Cruz. São sacrifícios pequenos que nem por isso deixam de custar: ser cordiais com todos sem exceção, vencer os estados de ânimo que nos levariam a ser bruscos ou azedos no trato, sorrir quando temos vontade de ficar sérios, cuidar da pontualidade no trabalho ou no estudo, comer um pouco menos do que mais gostamos e um pouco mais do que nos apetece menos, manter habitualmente ordenada a mesa de trabalho, o armário, a estante de livros, o quarto…, mortificar a curiosidade, cuidar de andar pela rua com os sentidos recolhidos, não queixar‑se do calor, do frio ou do excesso de trânsito…
Mas dor e sofrimento não significam tristeza. A Cruz, levada junto com Cristo, enche a alma de paz e de uma profunda alegria no meio das tribulações e dos pequenos sacrifícios. A vida dos santos está cheia de alegria. É um júbilo que o mundo não conhece, e que tem as suas raízes em Deus.
Ao terminarmos hoje estes minutos de oração sobre as palavras de Jesus: Se alguém quiser vir após mim, negue‑se a si mesmo, tome a sua cruz e siga‑me, podemos dizer‑lhe na intimidade da nossa oração:
“Dá‑me, Jesus, uma Cruz sem cireneus. Digo mal: a tua graça, a tua ajuda far‑me‑á falta, como para tudo o mais; sê Tu o meu Cireneu. Contigo, meu Deus, não há prova que me assuste…
“– Mas, e se a Cruz fosse o tédio, a tristeza? – Eu te digo, Senhor, que, Contigo, estaria alegremente triste”14. “Se eu não Te perco, Senhor, para mim não haverá pena que seja pena”15.
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