26 de Maio de 2020

7a Semana de Páscoa Terça-feira

- por Pe. Alexandre

TERÇA FEIRA – SÃO FELIPE NÉRI, PRESBÍTERO. 
(Branco, Pref. Comum dos pastores – ofício da memória)

 

Antífona da entrada

– Repousa sobre mim o espírito do senhor; ele me ungiu para levar a boa nova aos pobres e curar os corações contritos (Lc 4,18).

Oração do dia

– Ó Deus, que não cessais de elevar à glória da santidade aos vossos servos fiéis e prudentes, concedei que nos inflame o fogo do Espírito Santo que ardia no coração de são Felipe Néri. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: At 20, 17-27

– Leitura dos Atos dos Apóstolos: Naqueles dias, 17de Mileto, Paulo mandou um recado a Éfeso, convocando os anciãos da Igreja. 18Quando os anciãos chegaram, Paulo disse-lhes: “Vós bem sabeis de que modo me comportei em relação a vós, durante todo o tempo, desde o primeiro dia em que cheguei à Ásia. 19Servi ao Senhor com toda a humildade, com lágrimas e no meio das provações que sofri por causa das ciladas dos judeus. 20Nunca deixei de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito para vós, nem de vos ensinar publicamente e também de casa em casa. 21Insisti, com judeus e gregos, para que se convertessem a Deus e acreditassem em Jesus nosso Senhor. 22E agora, prisioneiro do Espírito, vou para Jerusalém sem saber o que aí me acontecerá. 23Sei apenas que, de cidade em cidade, o Espírito Santo me adverte, dizendo que me aguardam cadeias e tribulações. 24Mas, de modo nenhum, considero a minha vida preciosa para mim mesmo, con­tanto que eu leve a bom termo a minha carreira e realize o serviço que recebi do Senhor Jesus, ou seja, testemunhar o Evangelho da graça de Deus. 25Agora, porém, tenho a certeza de que vós não vereis mais o meu rosto, todos vós entre os quais passei anunciando o Reino. 26Portanto, hoje dou testemunho diante de todos vós: eu não sou responsável se algum de vós se perder, 27pois não deixei de vos anunciar todo o projeto de Deus a vosso respeito”.

– Palavra do Senhor.

Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 68, 10-11.20-21 (R: 33a)

– Reinos da terra, cantai ao Senhor.
R: Reinos da terra, cantai ao Senhor.– Derramastes lá do alto uma chuva generosa, e vossa terra, vossa herança, já cansada, re­novastes; e ali vosso rebanho encontrou sua morada; com carinho preparastes essa terra para o pobre.

R: Reinos da terra, cantai ao Senhor.– Bendito seja Deus, bendito seja cada dia, o Deus da nossa salvação, que carrega os nossos fardos! Nosso Deus é um Deus que salva, é um Deus libertador; o Senhor, só o Senhor, nos poderá livrar da morte!

R: Reinos da terra, cantai ao Senhor.

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Rogarei ao meu Pai e ele há de enviar-vos um outro paráclito, que há de permanecer eternamente convosco (Jo 14,16)

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 17, 1-11a

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.

– Glória a vós, Senhor!

 

– Naquele tempo, 1Jesus ergueu os olhos ao céu e disse: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique a ti, 2e, porque lhe deste poder sobre todo homem, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe confiaste. 3Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e àquele que tu enviaste, Jesus Cristo. 4Eu te glorifiquei na terra e levei a termo a obra que me deste para fazer. 5E agora, Pai, glorifica-me junto de ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse.
6Manifestei o teu nome aos homens que tu me deste do meio do mundo. Eram teus, e tu os confiaste a mim, e eles guardaram a tua palavra. 7Agora eles sabem que tudo quanto me deste vem de ti, 8pois dei-lhes as palavras que tu me deste, e eles as acolheram, e reconheceram verdadeiramente que eu saí de ti e acreditaram que tu me enviaste. 9Eu te rogo por eles. Não te rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. 10Tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu. E eu sou glorificado neles. 11aJá não estou no mundo, mas eles permanecem no mundo, enquanto eu vou para junto de ti”.

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

São Filipe Néri

- por Pe. Alexandre

O “santo da alegria” nasceu em Florença, Itália, no ano de 1515.

Depois de ficar órfão, recebeu um convite de seu tio para que se dedicasse aos negócios. Mas, tendo vida de oração e discernimento, ele percebeu que Deus o chamava a um outro negócio: expressar com a vida a caridade de Cristo.

Néri foi estudar em Roma. Estudou Filosofia e Teologia, deixando-se conduzir e formar pelo Espírito Santo e, mesmo antes de ser padre, visitava os lugares mais pobres de Roma. Formou uma associação para cuidar dos doentes pobres.

São Filipe disse sim para a glória de Deus e iniciou a bela obra do Oratório do Divino Amor, dedicando-se aos jovens e testemunhando sua alegria. Vivia da Divina Providência, indo aos lares dos ricos pedir pelos pobres.

Homem de oração, penitência e adoração, São Filipe Néri partiu para o céu com 80 anos, deixando para nós esse testemunho: renunciar a si mesmo, tomar a cruz a cada dia e seguir Jesus é uma alegria.

São Filipe Néri, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

91. O DOM DE PIEDADE

– Este dom tem como efeito próprio o sentido da filiação divina. Move-nos a tratar a Deus com a ternura e o afeto de um bom filho para com seu pai.

– Confiança filial na oração. O dom de piedade e a caridade.

– O espírito de piedade para com a Virgem Santíssima, os santos, as almas do purgatório e os nossos pais. O respeito pelas realidades criadas.

I. O SENTIDO DA FILIAÇÃO divina, efeito do dom de piedade, move-nos a tratar a Deus com a ternura e o carinho de um bom filho para com seu pai, e a considerar e tratar os outros homens como irmãos que pertencem à mesma família.

O Antigo Testamento manifesta este dom de forma muito variada, especialmente nas preces que o Povo eleito dirige constantemente a Deus: louvores e súplicas, sentimentos de adoração perante a infinita grandeza divina, confidências íntimas em que expôe com toda a simplicidade ao Pai celestial as suas alegrias e angústias, a sua esperança… De modo especial, os Salmos são um compêndio de todos os sentimentos que embargam a alma no seu trato confiante com o Senhor.

Ao chegar a plenitude dos tempos, Jesus Cristo ensinou-nos qual havia de ser o tom adequado para nos dirigirmos a Deus. Quando orardes, haveis de dizer: Pai…1 Em todas as circunstâncias da vida, devemos dirigir-nos a Deus com esta confiança filial: Pai, Abba… É uma palavra – abba – que o Espírito Santo quis deixar-nos em arameu em diversos lugares do Novo Testamento, e que era a forma carinhosa com que as crianças hebréias se dirigiam a seu pai. Este sentimento define a nossa atitude e matiza a nossa oração. Deus “não é um ser longínquo, que contemple com indiferença a sorte dos homens, seus anseios, suas lutas, suas angústias. É um Pai que ama os seus filhos até o extremo de lhes enviar o Verbo, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, para que, pela sua encarnação, morra por eles e os redima; o mesmo Pai amoroso que agora nos atrai suavemente a Si, mediante a ação do Espírito Santo que habita em nossos corações”2.

Deus quer que o tratemos com total confiança, como filhos pequenos e necessitados. Toda a nossa piedade alimenta-se desta realidade: somos filhos de Deus. E o Espírito Santo, mediante o dom de piedade, ensina-nos e facilita-nos esse trato confiante de um filho com seu Pai.

Considerai com que amor o Pai nos amou, querendo que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato3. “É como se depois das palavras que sejamos chamados filhos de Deus, São João tivesse feito uma longa pausa, enquanto o seu espírito penetrava profundamente na imensidade do amor que o Pai nos teve, não se limitando a chamar-nos simplesmente filhos de Deus, mas tornando-nos seus filhos no sentido mais autêntico. Isto é o que faz São João exclamar: E nós o somos de fato4. O Apóstolo convida-nos a considerar o imenso bem da filiação divina que recebemos com a graça do Batismo, e anima-nos a secundar a ação do Espírito Santo que nos impele a tratar o nosso Pai-Deus com inefável confiança e ternura.

II. ESTA CONFIANÇA FILIAL manifesta-se sobretudo na oração que o próprio Espírito Santo suscita em nossos corações. O Espírito Santo ajuda a nossa fraqueza, porque, não sabendo o que devemos pedir nem como convém orar, o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis5. Graças a essas moções, podemos dirigir-nos a Deus no tom adequado, numa oração rica e de matizes tão variados como a vida. Umas vezes, falaremos ao nosso Pai-Deus numa queixa familiar: Por que escondes o teu rosto?6; outras, exporemos os nossos desejos de maior santidade: Procuro-Te com ardor. A minha alma está sedenta de Ti, e a minha carne anela por Ti como terra árida e sequiosa, sem água7; ou a nossa união com Ele: Fora de Ti, nada mais me atrai na terra8; ou a esperança incomovível na sua misericórdia: Tu és o meu Deus e Salvador, em Ti espero sempre9.

Este afeto filial do dom de piedade manifesta-se também nas súplicas que dirigimos ao Senhor, pedindo-lhe as coisas de que precisamos como filhos necessitados, até que no-las conceda. É uma atitude de confiança no poder da oração, que nos faz sentir seguros, firmes, audazes, que afasta a angústia e a inquietação daqueles que somente se apoiam nas suas forças.

O cristão que se deixa conduzir pelo espírito de piedade sabe que seu Pai-Deus quer o melhor para cada um dos seus filhos e que nos preparou todas as coisas para o nosso maior bem. Por isso sabe também que a felicidade consiste em ir conhecendo o que Deus quer de nós em cada momento e em realizá-lo sem dilações nem atrasos. Desta confiança na paternidade divina nasce a serenidade, mesmo no meio das coisas que parecem um mal irremediável, pois contribuem para o bem dos que amam a Deus10. O Senhor nos mostrará um dia por que foi conveniente aquela humilhação, aquele revés econômico, aquela doença…

Este dom do Espírito Santo permite ainda que se cumpram os deveres de justiça e os ditames da caridade com presteza e facilidade. Ajuda-nos a ver os demais homens como filhos de Deus, criaturas que têm um valor infinito porque Deus os ama com um amor sem limites e os redimiu com o Sangue do seu Filho derramado na Cruz. Anima-nos a tratar com imenso respeito os que estão ao nosso redor, a compadecer-nos das suas necessidades e a procurar remediá-las; a julgá-los sempre com benignidade, dispostos também a perdoar-lhes facilmente as ofensas que nos façam, pois o perdão generoso e incondicional é um bom distintivo dos filhos de Deus. Mais do que isso, o Espírito Santo faz-nos ver nos outros o próprio Cristo: Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequenos, foi a mim mesmo que o fizestes11.

III. O DOM DE PIEDADE move-nos ao amor filial à nossa Mãe do Céu, a quem procuramos tratar com o mais terno afeto; à devoção aos anjos e santos, especialmente aos que exercem um especial patrocínio sobre nós12; à oração pelas almas do purgatório, como almas queridas e necessitadas dos nossos sufrágios; ao amor ao Papa, como Pai comum de todos os cristãos…

A virtude da piedade, que é aperfeiçoada por este dom, move-nos também a prestar honra e reverência a todos os que estão constituídos legitimamente em autoridade, às pessoas mais velhas (como Deus premiará a nossa solicitude para com os idosos!), e em primeiro lugar aos pais. A paternidade humana é uma participação e um reflexo da de Deus, da qual, como diz o Apóstolo, procede toda a paternidade no céu e na terra13. “Eles nos deram a vida, e deles se serviu o Altíssimo para nos comunicar a alma e o entendimento. Eles nos instruíram na religião, no relacionamento humano e na vida civil, e nos ensinaram a manter uma conduta íntegra e santa”14.

O dom de piedade estende-se aos atos da virtude da religião e ultrapassa-os15. Mediante este dom, o Espírito Santo dá vigor e impulso a todas as virtudes que de um modo ou de outro se relacionam com a justiça. A sua ação abarca todas as nossas relações com Deus, com os anjos, com os homens e mesmo com as coisas criadas, “consideradas como bens familiares da Casa de Deus”16: o dom de piedade anima-nos a tratá-las com respeito pela sua relação com o Criador.

Movido pelo Espírito Santo, o cristão lê com amor e veneração a Sagrada Escritura, que é como uma carta que seu Pai lhe envia do Céu: “Nos livros sagrados, o Pai que está nos céus vem amorosamente ao encontro dos seus filhos para conversar com eles”17. E trata com carinho as coisas santas, sobretudo as que se prendem com o culto divino.

Entre os frutos que o dom de piedade produz nas almas dóceis às graças do Paráclito, contam-se, enfim, a serenidade em todas as circunstâncias; o abandono cheio de confiança na Providência, porque, se Deus cuida de todas as coisas criadas, muito maior ternura manifestará para com os seus filhos18; a alegria, que é uma característica própria dos filhos de Deus: “Que ninguém leia tristeza nem dor na tua cara, quando difundes pelo ambiente do mundo o aroma do teu sacrifício: os filhos de Deus têm que ser sempre semeadores de paz e de alegria”19.

Se considerarmos muitas vezes ao dia que somos filhos de Deus, o Espírito Santo irá fomentando em nós, cada vez mais, este trato filial e confiante com o nosso Pai do Céu.

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