10 de Dezembro de 2019

2a semana do Advento Terça-feira

- por Padre Alexandre Fernandes

 

TERÇA FEIRA – II SEMANA DO ADVENTO
(cor roxo,pref. Advento I – ofício do dia)

 

Antífona da entrada

 

– Eis que o Senhor virá e com ele todos os seus santos, e haverá uma grande luz naquele dia (Zc 2,5.7).

 

Oração do dia

 

– Deus, que manifestastes o vosso salvador até os confins da terra, dai-nos esperar com alegria a glória do seu natal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Is 40, 1-11

– Leitura do livro do profeta Isaías: 1Consolai o meu povo, consolai-o! — diz o vosso Deus. 2Falai ao coração de Jerusalém e dizei em alta voz que sua servidão acabou e a expiação de suas culpas foi cumprida; ela recebeu das mãos do Senhor o dobro por todos os seus pecados. 3Grita uma voz: “preparai no deserto o caminho do Senhor, aplainai na solidão a estrada do nosso Deus. 4Nivelem-se todos os vales, rebaixem-se todos os montes e colinas; endireite-se o que é torto e alisem-se as asperezas: 5a glória do Senhor então se manifestará, e todos os homens verão juntamente o que a boca do Senhor falou”. 6Dizia uma voz: “Grita!” E respondi: “Que devo gritar?” A criatura humana é feno, toda a sua glória é como flor do campo; 7seca o feno, murcha a flor ao soprar o Senhor sobre eles. Sim, o povo é feno. 8Seca o feno, murcha a flor, mas a palavra de nosso Deus fica para sempre. 9Sobe a um alto monte, tu, que trazes a boa nova a Sião; levanta com força a tua voz, tu, que trazes a boa nova a Jerusalém, ergue a voz, não temas; dize às cidades de Judá: “Eis o vosso Deus, 10eis que o Senhor Deus vem com poder, seu braço tudo domina: eis, com ele, sua conquista, eis à sua frente a vitória. 11Como um pastor, ele apascenta o rebanho, reúne, com a força dos braços, os cordeiros e carrega-os ao colo; ele mesmo tange as ovelhas-mães”.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 96,1-2.3.10ac.11-12.13 (R: Is 40,9-10)

 

– Olhai e vede: o nosso Deus vem com poder!
R: Olhai e vede: o nosso Deus vem com poder!

 Cantai ao Senhor Deus um canto novo, cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! Cantai e bendizei seu santo nome! Dia após dia anunciai sua salvação.

R: Olhai e vede: o nosso Deus vem com poder!

– Manifestai a sua glória entre as nações, e entre os povos do universo seus prodígios! Publicai entre as nações: “Reina o Senhor!” E os povos ele julga com justiça.

R: Olhai e vede: o nosso Deus vem com poder!

– O céu se rejubile e exulte a terra, aplauda o mar com o que vive em suas águas; os campos com seus frutos rejubilem e exultem as florestas e as matas.

R: Olhai e vede: o nosso Deus vem com poder!

– Na presença do Senhor, pois ele vem, porque vem para julgar a terra inteira. Governará o mundo todo com justiça, e os povos julgará com lealdade.

R: Olhai e vede: o nosso Deus vem com poder!
 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

 – Está perto o dia do Senhor, ele mesmo virá para salvar-nos!

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 18,12-14

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.

– Glória a vós, Senhor!

 

 – Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: 12Que vos parece? Se um homem tem cem ovelhas, se uma delas se perde, não deixa ele as noventa e nove nas montanhas, para procurar aquela que se perdeu? 13Em verdade vos digo, se ele a encontrar, ficará mais feliz com ela, do que com as noventa e nove que não se perderam. 14Do mesmo modo, o Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequeninos.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

São Melquíades

- por Padre Alexandre Fernandes

São Melquíades recebeu o reconhecimento de: Verdadeiro filho da paz

Hoje nos deixamos atingir pela santidade de vida de um Papa que buscou no Pastor Eterno e Universal toda a graça que necessitava para ser fiel num tempo de transição da Igreja. São Melquíades, de origem africana, fez parte do Clero Romano, até que em 310 faleceu o Papa Eusébio e foi eleito sucessor de São Pedro.

No período de seu governo, Melquíades sofreu com a perseguição aos cristãos pelo Imperador Máximo. Esta perseguição só teve um descanso quando Constantino venceu Máximo na histórica batalha em Roma (312) a qual atribuiu ao Deus dos cristãos. Com isto, surgiu o Edito de Milão em 313, concedendo a liberdade religiosa; assim, São Melquíades passou do Papa da perseguição para o Papa da liberdade dos cristãos.

Durante os quatro anos de seu Pontificado, as piores ameaças nasceram no interior da Igreja com os hereges. São Melquíades foi grande defensor da Fé, por isso combateu principalmente o Donatismo, que contestava a legitimação da eleição dos ministros de Deus e fanaticamente se substituía a qualquer autoridade.

Aproveitou Melquíades, a liberdade religiosa para organizar as sedes paroquiais em Roma e recuperar os bens da Igrejas perdidos durante a perseguição. São Melquíades através da Eucaristia semeou a unidade da Igreja de Roma com as demais igrejas. Entrou no céu em 314 e foi enterrado na Via Ápia, no cemitério de Calisto. Do Doutor Santo Agostinho, São Melquíades recebeu o seguinte reconhecimento: “Verdadeiro filho da paz, verdadeiro pai dos cristãos”.

São Melquíades, rogai por nós!

 

Meditação

- por Padre Alexandre Fernandes

 

Se uma delas se extraviar… (Mt 18,12-14)

 

            Existe um caminho, uma via de salvação. A condição humana, desde Gn 3, inclui a possibilidade de se extraviar. Sair do caminho. Na imagem adotada por Jesus, uma única ovelha extraviada justifica o esforço e o sacrifício do pastor para encontrá-la e recuperá-la, mesmo deixando em risco (no deserto! Cf. Lc 15,4) as 99 ovelhas do rebanho.

 

            Não pensa assim a sociedade de produção e consumo, de metas e lucros, onde se está sempre pronto a sacrificar algumas pessoas em benefício da empresa. Não só no socialismo comunista, mas também no capitalismo reinante, o indivíduo conta muito pouco diante da massa. Considera-se normal que alguém seja descartado diante da indiferença geral.

 

            O desígnio divino de salvar a todos não trabalha com estatísticas ou com as avaliações de custo e benefício. A perda de um só seria irreparável. Os místicos reconheceram no sangue derramado no Calvário aquela “gota” que cabia a eles. Em suma, ninguém escapa à decisão do Salvador: “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância”. (Jo 10,10) Daí, o ensinamento do apóstolo: “Deus quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”. (1Tm 2,4)

 

            Para nosso Deus – afinal, ele é Pai e nós somos filhos… – a menor das criaturas é objeto de sua amorosa atenção. Parece até que seu olhar recai com preferência sobre os mais desmunidos, os mais abandonados, aqueles que já não têm ninguém com quem contar. “O Filho do homem veio para procurar e salvar o que estava perdido.” (Mt 18,11; Lc 19,10)

 

            Foi exatamente esta compreensão dos desígnios de Deus em favor dos abandonados que moveu numerosos santos a assumir um apostolado que resumia, na prática, o desejo manifestado por Jesus Cristo: cuidar daqueles dos quais ninguém cuida. A história registra que foram esses santos os pioneiros da escola para crianças pobres, quando nenhum organismo do Estado imaginava que estes merecessem mais que a “supervisão” policial. Entre outros, São José de Calasanz, São João Batista de La Salle, São João Bosco, Santa Joana de Lestonnac e Santa Paula Montalt.

 

            Em muitos países, os governos “democráticos” sufocaram as escolas católicas, mas ainda não conseguiram assumir o seu papel. As crianças estão abandonadas. Nós vivemos hoje o resultado desse crime.

Consolai meu povo! (Is 40,1-11)

 

            Deus é bom! Que terríveis desvios terão levado civilizações inteiras a ver em seus “deuses” seres ameaçadores aos quais precisavam “amansar” por meio de sacrifícios humanos? As pirâmides escalonadas da América Central, que os espanhóis encontraram cobertas de crânios de jovens, denunciam essa perversão do divino, quando o sangue humano corria para aplacar as divindades terríveis…

 

            É aos profetas da Primeira Aliança que o Senhor se dirige com uma mensagem de paz: “Consolai meu povo!” O mesmo Deus que já dissera a Moisés, do meio da sarça ardente: “Eu vi a aflição de meu povo. Ouvi seus clamores. Conheço seus sofrimentos. Desci para o libertar!” (Cf. Ex 3,7-8)

 

            Um Deus que ama é um Deus que consola. Por isso mesmo, um dos nomes do Espírito de Deus é “Consolador”. Ninguém se admire, pois, de que Deus envie seus pastores com a missão de consolar. Seu próprio Filho, que “passou a vida fazendo o bem” (cf. At 10,38), encarnou de modo extremo essa missão consoladora.

 

            Agora, para meu espanto, ouço vozes bem próximas afirmando que a missão da Igreja é de outra natureza. Que o lugar de consolo não é o confessionário, mas o divã do analista. Que o lugar da cura não é a Igreja, mas o posto de saúde. Que a missão do pastor não é consolar, mas instigar os pobres a tomarem a terra dos ricos. Teria Jesus Cristo andado tão errado?

 

            Ainda bem que o Papa não pensa assim. Em sua Encíclica “Deus é Amor”, Bento XVI escrevia: “Segundo o modelo oferecido pela parábola do Bom Samaritano, a caridade cristã é, em primeiro lugar, simplesmente a resposta àquilo que, em determinada situação, constitui a necessidade imediata: os famintos devem ser saciados; os nus, vestidos; os doentes, tratados para se curarem; os presos, visitados, etc. As organizações caritativas da Igreja […] devem fazer o possível pra colocar à disposição os correlativos meios e sobretudo os homens e mulheres que assumam tais tarefas”. (DCE, 31)

 

            Um Deus pastor pede com urgência uma Igreja de pastores. E, imitando o seu Deus, ela “carrega ao colo os cordeirinhos, e conduz a lugar fresco as ovelhas que amamentam” (Is 40,11). Qualquer fuga dessa missão revela-se traição aos sentimentos do Senhor…

 

            Neste Natal, como posso consolar alguém?

 

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