02 de Março de 2020
1a Semana da Quaresma Segunda-feira
- por Padre Alexandre Fernandes
SEGUNDA-FEIRA DA Iª SEMANA DA QUARESMA
(roxo – ofício do dia)
Antífona da entrada
– Como os olhos dos servos estão voltados para as mãos de seu senhor, assim os nossos para o Senhor nosso Deus, até que se compadeça de nós. Tende piedade de nós, Senhor, tende piedade de nós! (Sl 122,2)
Oração do dia
– Convertei-nos, ó Deus, nosso salvador, e, para que a celebração da Quaresma nos seja útil, iluminai-nos com a doutrina celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: Lv 19,1-2.11-18
– Leitura do livro do Levítico – 1O Senhor falou a Moisés, dizendo: 2"Fala a toda a Comunidade dos filhos de Israel, e dize-lhes: Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo. 11Não furteis, não digais mentiras, nem vos enganeis uns aos outros.12 Não jureis falso por meu nome, profanando o nome do Senhor teu Deus. Eu sou o Senhor. 13Não explores o teu próximo nem pratiques extorsão contra ele. Não retenhas contigo a diária do assalariado até o dia seguinte. 14Não amaldiçoes o surdo, nem ponhas tropeço diante do cego, mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor. 15Não cometas injustiças no exercício da justiça; não favoreças o pobre nem prestigieis o poderoso. Julga teu próximo conforme a justiça. 16Não sejas um maldizente entre o teu povo. Não conspires, caluniando-o, contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor. 17Não tenhas no coração ódio contra teu irmão. Repreende o teu próximo, para não te tornares culpado de pecado por causa dele. 18Não procures vingança, nem guardes rancor aos teus compatriotas. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor".
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial Sl 19B, 8.9.10.15 (R: Jo 6,63c)
– Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!
R: Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!
– A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes.
R: Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!
– Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz.
R: Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!
– É puro o temor do Senhor, imutável para sempre. Os julgamentos do Senhor são corretos e justos igualmente.
R: Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!
– Que vos agrade o cantar dos meus lábios e a voz da minha alma; que ela chegue até vós, ó Senhor, meu Rochedo e Redentor!
R: Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 25, 31-46
Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
– Eis o tempo de conversão; eis o dia da salvação (2Cor 6,2).
Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 31"Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. 32Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. 34Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: 'Vinde benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! 35Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; 36eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar'. 37Então os justos lhe perguntarão: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede e te demos de beber? 38Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? 39Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?' 40Então o Rei lhes responderá: 'Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!' 41Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: 'Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. 42Pois eu estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber; 43eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não fostes me visitar'. 44E responderão também eles: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos?' 45Então o Rei lhes responderá: 'Em verdade eu vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes!' 46Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna".
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
São Simplício
- por Padre Alexandre Fernandes
Papa da Igreja, pertencente ao Clero de Roma, o santo viveu mergulhado num contexto de grande instabilidade, seja por parte das heresias que rondavam a Igreja, como também por parte externa, da sociedade e do Império que estava para ruir.
Foi escolhido para sucessor de São Pedro no ano de 468. Um homem de testemunho e oração, sensível aos ataques internos que a Igreja sofria por parte do Nestorianismo – que buscava espalhar a mensagem entre os cristãos de que Cristo não teria nenhuma ligação com Deus, negando o mistério da Encarnação – e também o Monofisismo, onde pregavam como verdade que a natureza divina suprimiu a natureza humana de Cristo.
Simplício se deparava com essa realidade, mas com autoridade, cheio do Espírito Santo e em comunhão com o Clero, se tornou cada vez mais canal da luz, que é Cristo, para essas situações.
São Simplício demonstrou com a vida que vale a pena caminharmos com o coração fixo na recompensa que o Senhor quer nos dar na Glória.
Faleceu em 483, e hoje intercede por nós.
São Simplício, rogai por nós!
Meditação
- por Padre Alexandre Fernandes
TEMPO DA QUARESMA. PRIMEIRA SEMANA. SEGUNDA-FEIRA
6. EXISTÊNCIA E AÇÃO DO DEMÔNIO
– O demônio existe e atua nas pessoas e na sociedade. A sua ação é misteriosa, mas real e eficaz.
– Quem é o demônio. O seu poder é limitado. Necessidade da ajuda divina para vencer.
– Jesus Cristo é o vencedor do demônio. Confiança nEle. Meios que devemos utilizar. A água benta.
I. O DEMÔNIO TRANSPORTOU-O de novo a um monte alto… Então Jesus respondeu-lhe: Afasta-te, Satanás…, líamos no Evangelho da Missa de ontem1.
O demônio existe. A Sagrada Escritura fala dele desde o primeiro até o último dos livros revelados: do Gênesis ao Apocalipse. Na parábola do trigo e do joio, o Senhor afirma que a má semente, cuja finalidade é sufocar o trigo, foi lançada pelo inimigo2. Na parábola do semeador, vem o Maligno e arranca o que se tinha semeado3.
Alguns, inclinados a um otimismo superficial, pensam que o mal é meramente uma imperfeição incidental num mundo em contínua evolução a caminho de dias melhores. Não obstante, a história do homem sofre a influência do demônio. Podemos ver nos nossos dias manifestações de uma intensa malícia que não se explica unicamente pela ação do homem. O demônio, de formas muito diversas, causa estragos na humanidade. Não há dúvida de que “através de toda a história humana, existe uma dura batalha contra o poder das trevas, e essa batalha, iniciada nas origens do mundo, durará, como diz o Senhor, até o último dia”4. Pode-se, pois, dizer que o demônio “provoca numerosos danos de natureza espiritual e até, indiretamente, de natureza física, tanto nos indivíduos como na sociedade”5.
A ação do demônio é misteriosa, real e eficaz. Desde os primeiros séculos, os cristãos tiveram consciência dessa atividade diabólica. São Pedro prevenia os primeiros cristãos: Sede sóbrios e vigiai. O vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé6.
Com Jesus Cristo, o poder do demônio reduziu-se consideravelmente, pois Ele “nos libertou do poder de Satanás”7. Graças à obra redentora de Cristo, o demônio só pode causar verdadeiros danos a quem livremente lho permitir, consentindo no mal e afastando-se de Deus.
O Senhor manifesta-se em numerosas passagens do Evangelho como vencedor do demônio, livrando muitos infelizes da possessão diabólica. NEle está posta toda a nossa confiança, pois Ele não permite que sejamos tentados acima das nossas forças8. Portanto, ninguém peca por necessidade. Consideremos com profundidade, nesta Quaresma, o que isso significa.
II. O DEMÔNIO é um ser pessoal, real e concreto, de natureza espiritual e invisível, que, pelo seu pecado, se afastou de Deus para sempre, “porque o diabo e os outros demônios foram criados por Deus naturalmente bons; mas eles, por si mesmos, se tornaram maus”9. Ele é o pai da mentira10, do pecado, da discórdia, da desgraça, do ódio, do absurdo e do mal que há em toda a terra11. É a serpente astuta e invejosa que traz a morte ao mundo12, que semeia o mal no coração do homem13, o único inimigo que devemos temer se não estamos perto de Deus.
Seu único fim no mundo, ao qual não renunciou, é a nossa perdição. E tentará diariamente alcançar esse fim por todos os meios ao seu alcance. “Tudo começou com a rejeição de Deus e do seu reino, com a usurpação dos seus direitos soberanos, na tentiva de alterar a economia da salvação e a própria ordem de toda a criação. Encontramos um reflexo dessa atitude nas palavras do tentador aos nossos primeiros pais: Sereis como deuses. Assim, o espírito maligno trata de transplantar para o homem a atitude de rivalidade, de insubordinação e de oposição a Deus que se converteu no motivo de toda a sua existência”14.
O demônio é o primeiro causador do mal e dos desconcertos e rupturas que se produzem nas famílias e na sociedade. “Suponhamos – diz o Cardeal Newman – que sobre as ruas de uma cidade populosa se abatia de repente uma total escuridão; podem imaginar, sem que eu lhes descreva, o ruído e o clamor que se produziriam. Transeuntes, carruagens, carros, cavalos, todos mergulhariam no caos. Assim é o estado do mundo. O espírito maligno que atua sobre os filhos da incredulidade, o deus deste mundo, como diz São Paulo, cegou os olhos dos que não crêem, e eis que se vêem forçados a brigar e a discutir porque perderam o caminho; e disputam uns com os outros, uns dizendo isto, outros aquilo, porque não enxergam”15.
Nas suas tentações, o demônio utiliza a fraude, já que só pode apresentar bens falsos e uma felicidade fictícia, que se converte sempre em solidão e amargura. Fora de Deus não existem, não podem existir, nem o bem nem a felicidade verdadeira. Fora de Deus só existe escuridão, vazio e a maior das tristezas. Mas o poder do demônio é limitado, e também ele está sob o domínio e a soberania de Deus, que é o único Senhor do universo.
O demônio – como também o anjo – não chega a penetrar na nossa intimidade, se nós não o queremos. “Os espíritos imundos não podem conhecer a natureza dos nossos pensamentos. Só lhes é dado pressenti-los por indícios sensíveis, ou então examinando as nossas disposições, as nossas palavras ou as coisas para as quais percebem que nos inclinamos. É-lhes totalmente inacessível o que não exteriorizamos e permanece oculto nas nossas almas. Mesmo os pensamentos que eles próprios nos sugerem, a acolhida que lhes damos, a reação que provocam em nós, nada disso o conhecem pela própria essência da alma […], mas, quando muito, pelos movimentos e manifestações externas”16.
O demônio não pode violentar a nossa liberdade a fim de incliná-la para o mal. “É um fato certo que o demônio não pode seduzir ninguém, a não ser os que lhe prestam o consentimento da sua vontade”17. O santo Cura d’Ars diz que “o demônio é um grande cão acorrentado que arremete, que faz muito barulho, mas que só morde os que se aproximam dele em demasia”18. No entanto, “nenhum poder humano pode ser comparado ao seu, e somente o poder divino o pode vencer e somente a luz divina pode desmascarar as suas artimanhas. A alma que queira vencer a potência do demônio não o poderá conseguir sem oração, nem poderá entender os seus enganos sem mortificação e sem humildade”19.
III. OS ATOS DOS APÓSTOLOS resumem a vida de Cristo com estas palavras: Ele passou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio20. E São João, referindo-se ao motivo da Encarnação, explica: Para isso veio o Filho de Deus, para desfazer as obras do demônio21.
Cristo é o verdadeiro vencedor do demônio: Agora será lançado fora o príncipe deste mundo22, dirá Jesus na Última Ceia, poucas horas antes da Paixão. Deus “decide entrar na história humana de um modo novo e definitivo, enviando o seu Filho, na nossa carne, a fim de por Ele arrancar os homens do poder das trevas e de Satanás”23.
Não obstante, o demônio continua a deter certo poder sobre o mundo, na medida em que os homens rejeitam os frutos da Redenção. Exerce o seu domínio sobre aqueles que, de uma forma ou de outra, se entregam voluntariamente a ele, preferindo o reino das trevas ao reino da graça24. Por isso não nos devemos surpreender se tantas vezes vemos triunfar o mal e ser lesada a justiça.
Deve dar-nos uma grande confiança saber que o Senhor nos deixou muitos meios para vencer e para viver no mundo com a paz e a alegria de um bom cristão. Entre esses meios contam-se a oração, a mortificação, a freqüente recepção da Sagrada Eucaristia e a Confissão, bem como o amor à Virgem Maria. Com Nossa Senhora caminhamos sempre seguros.
O uso da água benta é também uma proteção eficaz contra a ação do demônio. “Perguntas-me por que te recomendo sempre, com tanto empenho, o uso diário da água benta. – Podia dar-te muitas razões. Bastará, com certeza, esta da Santa de Ávila: «De nenhuma coisa fogem tanto os demônios, para não voltar, como da água benta»”25.
João Paulo II exorta-nos a rezar com plena consciência as palavras que dizemos no último pedido do Pai Nosso: “Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, do Maligno. Fazei, ó Senhor, que não cedamos ante a infidelidade a que nos induz aquele que foi infiel desde o começo”26. O nosso esforço por viver melhor nestes dias da Quaresma a fidelidade àquilo que sabemos que Deus nos pede é a melhor manifestação de que, ao non serviam – não servirei – do demônio, queremos opor o nosso serviam pessoal: Eu te servirei, Senhor.
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