08 de março de 2023
segunda semana da Quaresma - Quarta-feira
- por Pe. Alexandre
QUARTA-FEIRA DA II SEMANA DA QUARESMA
(roxo – ofício do dia)
Antífona da entrada
– Não me abandoneis jamais, Senhor, meu Deus, não fiqueis longe de mim! Depressa, vinde em meu auxilio, ó Senhor, minha salvação (Sl 37,22).
Oração do dia
– Ó Deus, conservai constantemente vossa família na prática das boas obras e, assim como nos confortais agora com vossos auxílios, conduzis-nos aos bens eternos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: Jr 18,18-20
– Leitura do livro do profeta Jeremias: Naqueles dias, 18disseram eles: “Vinde para conspirarmos juntos contra Jeremias; um sacerdote não deixará morrer a lei; nem um sábio, o conselho; nem um profeta, a palavra. Vinde para o atacarmos com a língua, e não vamos prestar atenção a todas as suas palavras”. 19Atende-me, Senhor, ouve o que dizem meus adversários. 20Acaso pode-se retribuir o bem com o mal? Pois eles cavaram uma cova para mim. Lembra-te de que fui à tua presença, para interceder por eles e tentar afastar deles a tua ira.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 31,5-6.14.15-16 (R: 17b)
– Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!
R: Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!
– Retirai-me desta rede traiçoeira, porque sois o meu refúgio protetor! Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, porque vós me salvareis, ó Deus fiel!
R: Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!
– Ao redor, todas as coisas me apavoram; ouço muitos cochichando contra mim; todos juntos se reúnem, conspirando e pensando como vão tirar-me a vida.
R: Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!
– A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio, e afirmo que só vós sois o meu Deus! Eu entrego em vossas mãos o meu destino; libertai-me do inimigo e do opressor!
R: Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 20,17-28
Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
– Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12).
Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, 17enquanto Jesus subia para Jerusalém, ele tomou os doze discípulos à parte e, durante a caminhada, disse-lhes: 18“Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos mestres da Lei. Eles o condenarão à morte, 19e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, para flagelá-lo e crucificá-lo. Mas no terceiro dia ressuscitará”. 20A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. 21Jesus perguntou: “Que queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. 22Jesus, então, respondeu-lhe: “Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23Então Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou”. 24Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25Jesus, porém, chamou-os, e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; 27quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
São João de Deus ensinou: "Fazei bem, a vós mesmos, ajudando os pobres"
- por Pe. Alexandre
Padroeiro
Desde 1886 é o patrono oficial dos doentes e dos Hospitais, junto com São Camilo e, desde 1930, padroeiro dos enfermeiros e suas associações católicas. Alguns países também o tomam como padroeiro dos bombeiros.
Origens
Nasceu em Montemor-o-Novo, próximo de Évora, Portugal. Recebeu o nome de João Cidade, que depois se tornaria João de Deus. Aos 8 anos, decidiu seguir um clérigo até a cidade de Oropesa na Espanha. Lá, ele morou com uma família rica, colaborando com seus pastores e serventes, até os 27 anos.
Vida: de soldado até livreiro
Alistou-se no exército e combateu pelo menos duas batalhas importantes em Fuenterrabia e em Viena, invadidas pelos turcos. Depois de Viena voltou a Portugal, seus pais já tinham morrido e não quis ficar por lá. Retornou a Espanha, seguindo para Sevilha e depois para Gibraltar e Ceuta, onde serviu, com heroísmo, uma família portuguesa, exilada, que ficou doente. A seguir retornou a Gibraltar, começando a vender livros, como ambulante, para sobreviver. Buscando vida mais estável, se mudou para Granada, onde abriu uma livraria. Entre todos os empregos que teve até então, o de ser livreiro foi o que mais gostou: apaixonou-se logo pelos livros, que os considerou também como uma ajuda para a oração e a fé, sobretudo aqueles com imagens sagradas.
São João de Deus e a Vocação aos Doentes
Doentes
Certo dia, em Granada, João ouviu um sermão do místico João de Ávila que o iluminou e o perturbou tanto que precisou de internação hospitalar. Então, decidiu vender tudo e dar aos pobres. Logo, começou a sair pelas ruas pedindo esmolas para os pobres, utilizando uma fórmula especial que se tornaria o lema de sua futura congregação: “Fazei bem, irmãos, a vós mesmos, ajudando os pobres”.
O que acontecia no hospital psiquiátrico
No hospital, João descobriu os últimos entre os doentes, trancados por suas famílias para se esconder e se livrar deles. Além do mais, experimentou os métodos com os quais eram tratados os doentes: verdadeiras torturas. Assim, entendeu que deveria fazer algo para aqueles irmãos mais infelizes, porque Deus queria. Quando terminou a sua experiência no manicômio, João foi ter com o Bispo, diante do qual se comprometeu em viver pelos que sofriam e a acolher os que quisessem fazer a mesma coisa.
A Ordem Hospitaleira
A Providência deu-lhe dois confrades de início: Eles seriam os primeiros Irmãos de São João de Deus. Apesar de não ter noções de medicina, estava ciente de que devia tratar dos doentes de modo novo, ou seja, ouvindo-os e satisfazendo as suas necessidades de diversas maneiras. Desta forma, conseguiu fundar um primeiro hospital, segundo estes ditames, em Granada, dedicando-se, ao mesmo tempo, aos órfãos, prostitutas e desempregados. Seu foco era a certeza de que a cura do espírito gerava a cura do corpo.
Páscoa
João faleceu aos 55 anos, enquanto rezava de joelhos e apertava ao peito um crucifixo. Ele não deixou nenhuma regra escrita, mas a sua obra de caridade já estava bem encaminhada e seus coirmãos continuavam inspirados por ele. São João de Deus foi canonizado em 1690, 60 anos após sua beatificação.
A Ordem Hospitaleira de São João de Deus
Princípios Institucionais
- Temos como centro de interesse, para todos os que vivemos e trabalhamos no hospital ou em qualquer outra obra assistencial, a pessoa assistida;
- Empenhamo-nos decididamente na defesa e promoção da vida humana;
- Reconhecemos à pessoa assistida o direito de ser convenientemente informada sobre o seu estado de saúde;
- Observamos as exigências do segredo profissional, fazendo que sejam igualmente respeitadas por todos os que se aproximam dos doentes e necessitados;
- Defendemos o direito de morrer com dignidade, respeitando e satisfazendo os justos desejos e as necessidades espirituais daqueles que estão prestes a morrer, conscientes de que a vida humana tem um termo temporal e é chamada à sua plenitude em Cristo;
- Respeitamos a liberdade de consciência das pessoas que assistimos e a dos nossos colaboradores, mas exigimos com firmeza que seja aceite e respeitada a identidade dos nossos centros hospitalares;
- Valorizamos e promovemos as qualidades e o profissionalismo dos nossos colaboradores e estimulamo-los a participar ativamente na missão da Ordem e, em função das suas capacidades e âmbitos de responsabilidade, tornamo-los participantes no processo de decisão das nossas Obras apostólicas;
- Opomo-nos à procura do lucro, por conseguinte, observamos e exigimos que sejam respeitadas as normas econômicas justas.
Congregação na Atualidade
Na atualidade, são aproximadamente 1000 irmãos, distribuídos por 53 países, em cerca de 200 comunidades, atendendo mais de 400 obras assistenciais: hospitais, clínicas, lares, centros de reabilitação, albergues, centros de saúde mental, ambulatórios, projetos sociais e escolas de enfermagem. Com eles estão 58.000 profissionais de saúde, 30.000 voluntários e milhares de benfeitores.
No Brasil
A Ordem Hospitaleira de São João de Deus opera no Brasil, sem interrupção, há 70 anos, trazida pelos Irmãos Portugueses. Estão atuando em Itaipava – Petrópolis (RJ) e Aparecida do Taboado (MS).
Devoção a São João de Deus
Oração
Senhor, vós inflamastes São João de Deus no fogo da caridade para que fosse na terra apóstolo dos pecadores, socorro dos pobres e saúde dos enfermos; e no céu o constituístes alívio dos que sofrem, padroeiro e modelo dos profissionais de saúde. Ensinai-nos a imitá-lo na Hospitalidade, e a comprometer-nos na construção do vosso Reino de paz e misericórdia. E, por sua intercessão, concedei-nos as graças de que necessitamos. Por nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho na unidade do Espírito Santo. Amém.
Minha oração
“Querido santo, quantas maravilhas Deus fez em ti através do amor aos doentes e quantas ainda ele pode fazer em mim. Livrai-me da cultura do descartável, dos pensamentos de exclusão e eutanásia para com os enfermos. Ensinai-me a aprender a enxergar Jesus nesses seus filhos sofredores, e a cuidar de cada qual como se fossem o Cristo. Amém.”
São João de Deus, rogai por nós!
Meditação
- por Pe. Alexandre
E dar a sua vida… (Mt 20,17-28)
O amor é assim. Vive para morrer. Morre para que o outro viva. E acha o seu sentido profundo quando gasta a vida pelo bem do outro. Jesus assevera: “Ninguém tem maior amor do que quem dá a vida por seu amigo.” (Jo 15,13.) As hipóteses freudianas sobre o homem divergem: pregam a afirmação de si mesmo, a busca de realização pessoal, a recusa de toda ascese, o abandono às próprias inclinações e a repulsa por todo sacrifício. Claro: Freud e o Evangelho são antípodas… E desde que sua psicologia se vulgarizou, foi minguando nossa capacidade de doação, a disposição para o altruísmo, para uma vida centrada no outro. Sempre mais egoístas, roubamos do amor seu sopro de eternidade para viver com mesquinhez as realidades terrestres.
Em sua Encíclica “Deus é amor” [Deus caritas est], o Papa Bento XVI escreve: “A verdadeira novidade do Novo Testamento não reside em novas ideias, mas na própria figura de Cristo, que dá carne e sangue aos conceitos – um incrível realismo. […] Na sua morte de cruz, cumpre-se aquele virar-se de Deus contra si próprio, com o qual Ele se entrega para levantar o homem e salvá-lo – o amor na sua forma mais radical. O olhar fixo no lado transpassado de Cristo, de que fala João (cf. 19,37), compreende o que serviu de ponto de partida a esta Carta Encíclica: “Deus é amor” (1Jo 4,8). É lá que esta verdade pode ser contemplada. E começando de lá, pretende-se agora definir em que consiste o amor. A partir daquele olhar, o cristão encontra o caminho do seu viver e amar.” (DCE, 12.)
Coerente, Jesus vive o que ensinou. Humilde, entrega-se à morte ignominiosa, entre dois malfeitores, remindo com seu sangue a humanidade decaída. João resume o sentido de sua entrega: “Tanto Deus amou o mundo, que lhe entregou seu Filho unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3, 16.) Os mártires testemunham que esse amor é possível. Tendo provado o amor eterno – experiência totalizante que a tudo mais relativiza – entregam sua vida alegremente, entre cânticos de louvor, enquanto pedem a Deus que seja clemente com seus algozes.
Há pequenos martírios em nossas vidas. Toda mãe sofre os incômodos da gravidez e as dores do parto para gerar vida nova. O pai tem as mãos calejadas para sustentar a família. O médico se expõe ao contágio para cuidar dos enfermos. A mestra se sacrifica pelos alunos, mesmo tendo um baixo salário. E assim tanta gente simples que valoriza amigos e vizinhos, e acolhe o migrante que passa… Todos estes são um Evangelho vivo. Eles dão a vida e sabem servir…
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