05 de Novembro de 2022

31a Semana do Tempo Comum Sábado

- por Pe. Alexandre

SABADO – XXXI SEMANA DO TEMPO COMUM

(verde – ofício do dia)

 

Antífona da entrada

 

– Não me abandoneis jamais, Senhor, meu Deus, não fiqueis longe de mim! Depressa, vinde em meu auxílio, ó Senhor, minha salvação! (Sl 37,22).

 

Oração do dia

 

– Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Fl 4,10-19

 

– Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses: Irmãos, 10grande foi minha alegria no Senhor, porque afinal vi florescer seu afeto por mim. Na verdade, estava sempre vivo, mas faltava-lhe oportunidade de manifestar-se. 11Não é por necessidade minha que vos digo, pois aprendi muito bem a contentar-me em qualquer situação. 12Sei viver na miséria e sei viver na abundância. Eu aprendi o segredo de viver em toda e qualquer situação, estando saciado ou passando fome, tendo de sobra ou sofrendo necessidade. 13Tudo posso naquele que me dá força. 14No entanto fizestes bem em compartilhar as minhas dificuldades. 15Filipenses, bem sabeis que, no início da pregação do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma Igreja, a não ser a vossa, se juntou a mim numa relação de crédito. 16Já em Tessalônica, mais de uma vez, me enviastes aquilo de que eu precisava. 17Não que eu procure presentes, porém, o que eu busco é o fruto que cresça no vosso crédito. 18Agora, tenho tudo em abundância. Tenho até de sobra, desde que recebi de Epafrodito o vosso donativo, qual perfume suave, sacrifício aceito e agradável a Deus. 19O meu Deus proverá esplendidamente com sua riqueza a todas as vossas necessidades, em Cristo Jesus.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 112,1-2.5-6.8a.9 (R: 1a)

 

– Feliz aquele que respeita o Senhor!
R: Feliz aquele que respeita o Senhor!

– Feliz o homem que respeita o Senhor e que ama com carinho a sua lei! Sua descendência será forte sobre a terra, abençoada a geração dos homens retos!

R: Feliz aquele que respeita o Senhor!

– Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente!

R: Feliz aquele que respeita o Senhor!

– Seu coração está tranquilo e nada teme, e confusos há de ver seus inimigos. Ele reparte com os pobres os seus bens, permanece para sempre o bem que fez, e crescerão a sua glória e seu poder.

R: Feliz aquele que respeita o Senhor!
Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Jesus Cristo, Senhor nosso, embora sendo rico, para nós se tornou pobre, a fim de enriquecer-nos mediante sua pobreza.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 16,9-15

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

– Glória a vós, Senhor!   

 

– Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 9“Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. 10Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. 11Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? 12E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? 13Ninguém pode servir a dois senhores: porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. 14Os fariseus, que eram amigos do dinheiro, ouviam tudo isso e riam de Jesus. 15Então Jesus lhes disse: “Vós gostais de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações. Com efeito, o que é importante para os homens, é detestável para Deus”.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!   

São Zacarias e Santa Isabel

- por Pe. Alexandre

Zacarias e Isabel aparecem no primeiro capítulo do Evangelho de São Lucas, que relata:

“Havia, no tempo de Herodes, rei da Judeia, um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias; a sua mulher pertencia à descendência de Aarão e se chamava Isabel. Ambos eram justos diante de Deus e caminhavam irrepreensíveis em todos os mandamentos e ordens do Senhor. Mas não tinham filhos, pois Isabel era estéril, e ambos eram de idade avançada” (Lucas 1,5-7).

Pelo próprio relato bíblico, descobrimos que viviam na aldeia de Ain-Karim (situada a poucos quilômetros de Jerusalém), e que tinham laços de parentesco com a Sagrada Família de Nazaré. Zacarias é descrito como um sacerdote, ou seja, aquele responsável por unir o povo a Deus. Isabel era descendente de Aarão, o maior sacerdote que já existiu. O Evangelho de Lucas os descreve como justos, irrepreensíveis e fiéis aos mandamentos do Senhor.

O matrimônio de Zacarias e Isabel não foi agraciado com o nascimento de um filho, pois Isabel era estéril, e ambos eram de idade avançada. Naquele tempo, não gerar um filho era tido como uma das piores desgraças, sendo vergonhoso e quase que um castigo divino para a sociedade. Entretanto, a união do casal era sólida, e ambos amavam e viviam a retidão, recorrendo sempre à força da oração.

Certo dia, enquanto Zacarias rezava no Templo, foi visitado pelo anjo de Deus, que o convidou a colocar-se dentro do projeto de salvação e ser pai do precursor, aquele que prepararia a chegada do Messias para a salvação do mundo. “Não tenhas medo, Zacarias, porque foi ouvida tua oração; Isabel, tua mulher, vai te dar um filho a quem darás o nome de João. Ficarás alegre e contente e todos se alegrarão com seu nascimento” (Lucas 1,13-14).

Embora piedoso, Zacarias pediu ao anjo de Deus uma prova. Por este motivo, ficou mudo até o nascimento do filho. Isabel ficou grávida e retirou-se ao silêncio e à oração, aguardando o nascimento do filho. Maria, sua prima, ao receber do mesmo anjo, o anúncio de sua divina maternidade, ficou ciente da gravidez de Isabel. Partiu então às pressas para prestar assistência nos preparativos do parto.

No oitavo dia do nascimento, o menino foi circuncidado, como havia revelado o Anjo. A língua de Zacarias se soltou e ele voltou a falar, confirmando que o nome de seu filho seria João, um menino com papel singular na história da Salvação da humanidade: “Pois ele será grande perante o Senhor…e será repleto do Espírito Santo desde o seio de sua mãe (Santa Isabel). Ele reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus” (Lucas 1,15s).

Quando Zacarias voltou a falar, pronunciou muitas palavras de louvores a Deus, “o Benedictus”, também conhecido como “Cântico de Zacarias”. Após o Salmo profético de São Zacarias pelo nascimento do filho, perdemos o contato com a vida do casal, que, sem dúvida, permaneceram fiéis ao Senhor até o fim de suas vidas. Assim, a Igreja, tanto do Oriente quanto do Ocidente, reconhecem o exemplo deste casal para todos os casais, já que “ambos eram justos diante de Deus e cumpriram todos os mandamentos e observâncias do Senhor” (Lucas 1,6).

São Zacarias e Santa Isabel, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

Deus conhece os vossos corações… (Lc 16,9-15)

 

“Quem vê cara, não vê coração.” O exterior e o interior. E muitas vezes um desmente o outro. Não podemos viver de aparências, pois, como diz o poeta, “muita gente neste mundo existe / cuja ventura única consiste / em parecer aos outros venturosa”.

 

Só Deus conhece o coração humano. Quando Jesus chama os fariseus de “hipócritas”, vergasta o pecado de simular a fachada de religiosidade quando o íntimo cheira mal, comparado a “sepulcros caiados”. (Mt 23,27.) Como aproximar nosso interior do exterior? Pelo exame de consciência seguido da confissão individual, auricular. Diante de Jesus – na pessoa do sacerdote – reconhecemos os pecados, nossos desvios do caminho do amor. E nossa miséria faz cócegas na misericórdia de Deus. Perdoados, já não precisamos fingir…

 

Daí, o mal feito nas “confissões comunitárias”, a distribuir absolvição coletiva sem a prévia (e canônica) acusação individual dos pecados. Nos encontros de aconselhamento, pergunto a fiéis que passam tempos sem a confissão individual: “Você se sente, de fato, perdoado, com a confissão comunitária?” E a resposta é acompanhada de um risinho maroto: “Não…”

 

Tanto o Código de Direito Canônico quanto a Exortação Apostólica “Reconciliação e Penitência”, de João Paulo II, deixam claro que a confissão comunitária é para situações excepcionais, entre as quais não se inclui o afluxo de numerosos penitentes. O simples fato de serem realizadas a intervalos regulares aponta sua ilegitimidade. Fica também estabelecido que o Bispo que autoriza tais confissões “onera gravemente a sua consciência”.

 

Confissão comunitária leva ao progressivo relaxamento da consciência. Não deve substituir a confissão auricular, pois favorece a via ambígua de manter um estado interior que não corresponde aos sinais exteriores. A reconciliação exige a presença do outro, pois todo pecado se irradia sobre a família, a Igreja, a humanidade. Não há pecado apenas individual. Por isso, nos confessamos a alguém.

 

Ainda que seja possível um ato de contrição perfeita, no silêncio do quarto, não é a via eclesial. Os exemplos bíblicos (Davi diante de Natan / a adúltera perante Jesus / o filho pródigo aos pés do Pai) confirmam esta verdade. E quando S. Tiago fala em reconciliação, dá-nos o “modo de usar”: “Confessai vossos pecados uns aos outros e rezai uns pelos outros, a fim de serdes curados.” (Tg 5,16.) A pretensão de obter via direta o perdão divino pode ocultar movimentos de soberba, e a falta de sincero arrependimento.

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