18 de Março de 2022

2a Semana da Quaresma- Quinta-feira

- por Pe. Alexandre

QUINTA FEIRA – II SEMANA DA QUARESMA

(roxo, ofício do dia)

 

Antífona da entrada

 

– Provai-me, ó Deus, e conhecei meus pensamentos: vede se ando pela vereda do mal e conduzi-me no caminho da eternidade (Sl 138,23-24).

 

Oração do dia

 

– Ó Deus, que amais e restaurais a inocência, orientai para vós os corações dos vossos filhos e filhas, para que, renovados pelo vosso Espírito, sejamos firmes na fé e eficientes nas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: jr 17,5-10

 

– Leitura do livro do profeta Jeremias: 5Isto diz o Senhor: “Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor; 6como os cardos no deserto, ele não vê chegar a floração, prefere vegetar-se na secura do ermo, em região salobra e desabitada. 7Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor; 8é como a árvore plantada junto às águas, que estende as raízes em busca da umidade, e por isso não teme a chegada do calor: sua folhagem mantém-se verde, não sofre míngua em tempo de seca e nunca deixa de dar frutos. 9Em tudo é enganador o coração, e isto é incurável; quem poderá conhecê-lo? 10Eu sou o Senhor, que perscruto o coração e provo os sentimentos, que dou a cada qual conforme o seu proceder e conforme o fruto de suas obras”.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 1,1-2.3.4.6 (R: Sl 40,5a)

 

– É feliz quem a Deus se confia!
R: É feliz quem a Deus se confia!

– Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar.

R: É feliz quem a Deus se confia!

– Eis que ele é semelhante a uma árvore, que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá seus frutos a seu tempo, e jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.

R: É feliz quem a Deus se confia!

– Mas bem outra é a sorte dos perversos. Ao contrário, são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à morte.

R: É feliz quem a Deus se confia!

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 16,19-31

 

Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!

Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!

 

– Felizes os que observam a palavra do Senhor, de reto coração; e que produzem frutos, até o fim perseverantes! (Lc 8,15)

 

Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

– Glória a vós, Senhor!  

 

Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: 19“Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias.
20Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico. 21Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas.  22Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. 23Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão, com Lázaro ao seu lado. 24Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’.25Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te de que recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez, os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. 26E, além disso, há grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’. 27O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa de meu pai, 28porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não venham também eles para este lugar de tormento’. 29Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os profetas, que os escutem!’ 30O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão, mas se um dos mortos for até eles, certamente vão se converter’. 31Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos”’.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!  

 

São Cirilo de Jerusalém

- por Pe. Alexandre

Nasceu no ano de 315, e foi muito bem formado em Jerusalém. Ordenado sacerdote, poucos anos depois, em 348, já era bispo. Faleceu em 386. Empenhou-se nas catequeses para bem formar o povo de Deus, na verdade e no amor, formando-os também com sua vida. Muitos cristãos cediam às heresias, e Cirilo pagou o preço. Por três vezes foi desterrado, sendo que, na última vez, teve que ficar 11 anos fora do seu pastoreio, percorrendo cidades na Ásia, como um peregrino, tendo uma vida cenobítica até que em 362 pôde retornar.

São Cirilo ajudou os corações dos fiéis a mergulharem no mistério pascal, que é o coração da fé católica: o Crucificado que ressuscitou. Deixou muito presente para os cristãos do século IV a verdade da Eucaristia. Ele ensinava que era preciso fazer com as mãos um trono mão esquerda apoiada sobre a direita, para receber o Corpo do Senhor. e estarmos atentos aos fragmentos, onde também há a presença real de Jesus.

São Cirilo, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

No outro mundo… (Lc 16,19-31)

 

Notável a parábola do “rico indiferente”, ou melhor, “parábola dos seis irmãos”, como sugere J. Jeremias (“As Parábolas de Jesus”, Ed. Paulinas, 1983). Parábola que pode ser lida com humor ou com tremor…

Uma narrativa em dois tempos: neste mundo, o pobre entre dores e o rico entre gozos; no outro mundo, posições invertidas. E… para sempre, sem remissão… Detalhe curioso: é a única parábola de Jesus em que um dos personagens tem nome: Lázaro (ou Eleazar), que significa, em hebraico, “Deus ajuda”. Já o apelido do rico indiferente – Epulão – é posterior e não consta do original.

Entre os dois “tempos”, a morte como um limiar e uma virada, que tudo multiplica por (–1), invertendo todos os valores. O mendigo sofredor acaba no “seio de Abraão” (imagem do Céu), enquanto o rico gozador acaba atormentado no inferno (dispensa imagens!). O rico tenta um recurso paradoxal: pede a Abraão uma espécie de mediação do próprio Lázaro, para refrescar sua sede infernal. O mesmo que, antes, negara migalhas de pão, agora suplica por uma gota d’água…

Como isto era impossível, pois um abismo intransponível (chaos magnum, em latim) impede o contato entre céu e inferno, o condenado mostra preocupação com seus cinco irmãos que ainda vivem na terra e – supõe-se – viviam um estilo de vida semelhante ao que ele mesmo havia escolhido. Pede que o fantasma de Lázaro vá alertá-los. E ouve do Pai Abraão a resposta: “Eles têm Moisés (a Palavra escrita, lógos) e os Profetas (a Palavra viva, rhema). Basta ouvi-los!”

O ricaço ainda argumenta que a aparição de um morto teria mais impacto e os levaria à conversão. E a crua resposta: quem não ouve a Lei e as Profecias, também não daria ouvidos a um morto…

Quantas lições nesta parábola! Não se vive impunemente. Há uma retribuição proporcional. Ficar surdo à Lei de Deus é coisa séria, de graves consequências. A indiferença ao pobre é mortal!

Prefiro, contudo, fixar-me em uma única lição: existe OUTRO MUNDO. A vida não acaba com a morte física. Este mundo não é o único. Aliás, este é provisório, passageiro. O outro, sim, é definitivo, tecido de eternidade. E viver como se nada houvesse além deste mundo, é pura insanidade!

 

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